Depois de reverenciar o samba, em 2019, a Prefeitura do Recife se curvou ao frevo (ainda bem…), ao escolher os homenageados do carnaval de 2020 na cidade. São eles: o Maestro Edson Rodrigues e o Bloco das Flores. As homenagens têm sua razão de ser. Além de maestro, Rodrigues é compositor, arranjador, saxofonista e tem mais de seis décadas de história dedicada ao frevo e à maior festa popular do Recife: o carnaval. E o Bloco das Flores, que é lindo, está completando “somente” cem anos de folia, mantendo pelas ruas a tradição dos carnavais passados, dos blocos líricos e românticos, movidos a pau e corda.
Rodrigues pertence à chamada segunda geração do frevo, a quem coube a missão de continuar o que compositores como Capiba e Nelson Ferreira fizeram pela cultura pernambucana. Devotado à música desde muito moço, estreou no Carnaval com a Orquestra Itapoã, de João Santiago, nos idos de 1957. Além do frevo, muitos outros ritmos embalaram a sua carreira. Ele foi pioneiro na introdução do jazz em Recife, além de ter fundado a Banda Municipal de Recife, da qual foi regente entre 1979 e 1983. Mas não aprendeu tudo que sabe nos palcos. Estudou muito e ensinou ainda mais. Graduou-se em jornalismo, geografia e música na universidade. Depois se tornou professor do Conservatório Pernambucano de Música por muitos anos e nunca mais parou de compartilhar saberes e prazeres musicais
“É sempre bom quando as coisas acontecem sem que a gente espere. Eu sempre trabalhei no Carnaval. Este ano eu comemoro 63 anos de música e folia. A música e o Carnaval me deram grandes alegrias, por causa deles eu conheci o mundo, tocando o Frevo, mostrando a nossa cultura. É uma emoção muito legal, temos que estar prontos para as coisas boas da vida, e essa é uma das coisas legais que aconteceram ainda vivo”, diz o maestro. Representando o centenário Bloco das Flores, Zenaide Araújo, 78 anos, presidente da agremiação falou sobre a emoção de ser homenageado no ano em que o bloco completa um século.
“Não é todo dia que se faz 100 anos. Nada paga a emoção de hoje, o que vamos passar ainda no Carnaval, o trabalho que nós estamos tendo, nossa fantasia, que está muito bonita”, afirma Zenaide. O bloco surgiu da reunião de um grupo de intelectuais, amigos e foliões, entre eles jornalistas, artistas e compositores de carnavais saudosos, como Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon e Raul Morais, nomes imortalizados no coro das ruas suadas e coloridas da festa pernambucana. O Bloco das Flores, no seu primeiro desfile, veio com 100 componentes que participavam de pastoris do Bairro de São José e sua orquestra de Pau e Corda com 50 músicos. Os homenageados do carnaval 2020 foram anunciados pelo Prefeito Geraldo Júlio (PSB).
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Andréa Rego Barros/ Divulgação / PCR