Olinda: Chalé que “foi de Maurício de Nassau” sem nunca ter sido está à venda

Compartilhe nas redes sociais…

A cidade de Olinda, vizinha ao Recife, é cheia não só de muita história mas de um monte de versões. E muitas dessas  estão longe de serem verdadeiras. A mais famosa, no entanto, é aquela segundo a qual esse chalé vermelho, lindíssimo e talvez o mais famoso de Olinda, pertenceu ao Conde Maurício de Nassau, principal figura da ocupação holandesa em Pernambuco, período marcado por lutas entre brasileiros e flamengos, incêndios, brigas por território no século 17, exatamente entre os anos 1630 e 1654. Um desses palcos foi justamente Olinda, que foi incendiada em 1631  pelos flamengos.

Dessa época, claro, restam algumas lendas. Uma delas é exatamente sobre esse casarão da foto, que há décadas é exibidas aos visitantes por guias de turismo como tendo sido “a casa que Maurício de Nassau morou em Olinda”. Trata-se de uma versão que habita o imaginário popular, mas que não tem nada a ver. Isso porque o estilo arquitetônico do chalé nada tem a ver com o utilizado no século 17, quando Nassau esteve em Pernambuco. O casarão vermelho, que fica de frente para a Praça de São Pedro, ao lado da Igreja de São Pedro Mártir, foi construído entre um a dois séculos depois.

O sobrado tem estilo neogótico, portas e janelas possem venezianas e bandeiras entreladas e e bonitos balcões. Há detalhes em ferro e madeira e chamam a atenção, também, os bonitos lambrequins que parecem estar em bom estado. Quantas pessoas não gostariam de morar nesse chalé? Pois ele está à venda há algum tempo. Daria uma bela pousada, que faturaria um bom dinheiro no carnaval. Ou no resto do ano, já que Olinda é uma festa e está, sempre, no roteiro obrigatório dos turistas. O problema é que o sítio histórico não está lá bem cuidado e, pior, todo mundo reclamando da falta de segurança. Talvez seja por isso que o chalé de de lenda e beleza ainda não tenha sido vendido. Começou por R$ 3 milhões, foi baixando, e agora os proprietários estão dispostos a negociar por R$ 2,5 milhões, segundo a empresa encarregada de vender.

E então, quem quer? Quem está disposto a desembolsar essa grana por um imóvel lindo em um sítio histórico que é, desde 1982, recebeu o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco?  Sinceramente, se eu tivesse dinheiro e fosse empreendedora da área de hotelaria, juro que compraria esse chalé, lindo de morrer. Primeiro, porque sou apaixonada por chalés. Segundo porque adoro Olinda. E terceiro, porque penso que daria uma pousada linda, cheia de charme como aquelas que a gente vê no centro histórico de Salvador, aproveitando velhos imóveis.  Também daria um belo e lindo museu interativo, como o Cidade da Música, da capital da Bahia. Mas ao invés de ser sobre a música, sobre o carnaval. Daria uma bela atração turística, sabermos da origem do carnaval participação da cidade;  a história das troças, blocos, afoxés, maracatus, clubes de frevo; as figuras populares que fazem o carnaval da cidade; a relação entre os líderes de agremiações carnavalescas com as ordens religiosas… e por aí vai.

Estive recentemente em Salvador, e fiquei impressionada com a quantidade de visitantes nos principais equipamentos turísticos ali nas redondezas do Mercado Modelo, onde até o seu subterrâneo atrai visita de milhares de turistas. Por que não nós?  Infelizmente, no entanto, nem os museus já existentes em Olinda recebeu a atenção que merecem. Fui, dia desses, ver o Museu do Mamulengo e parecia, infelizmente, um amontoado de bonecos…. Enquanto isso, tem “Embaixada de Bonecos Gigantes de Olinda”, no Bairro do Recife, que vive sendo visitado por turistas. Mesmo que os bonecos não sejam de Olinda.

Leia também
Paço do Frevo: Fim de semana com concerto e arrastão com Lorde de Olinda
Carnaval de Olinda atraiu 4 milhões de foliões e fez girar R$ 400 milhões
Roteiro mostra detalhes das igrejas de Olinda
Olinda: roteiro mostra história, estilo arquitetônico, símbolos
Caminhadas Domingueiras: Olinda é linda, mas precisa de mais limpeza e sinalização turística
Olinda é linda, mas…
Olinda é linda, mas… (1)
Fiz o “tour” Caminhos dos Azulejos de Olinda e recomendo
Tour inédito explora azulejos de Olinda com visitas a casarios antigos, igrejas e conventos
Livro mostra memória  gráfica de gradis, azulejos, pisos hidráulicos e cobogós de Olinda
A menor Igreja de Olinda?
O “milagre” da Igreja dos Milagres
Cruzeiro da Sé é destruído e quebra perna de vândalo ao cair
Cine Olinda vai ser restaurado
Aos 77, cantor Alceu Valença começa a receber turistas no seu casarão, em Olinda: airnb
Reformada, Casa dos Azulejos Azuis muda paisagem no centro de Salvador
História: A verdadeira função do óleo de baleia em construções antigas
História: o mito do uso do óleo de baleia nas construções do Brasil colonial
História: Telha feita nas coxas.Verdade ou mito?
História: Os pioneiros cemitérios dos Ingleses
Cemitério desafiou as leis do século 19
Serviço

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.