Os nomes variam. Goiti, oiti-da-praia, guaili, oiti mirim, oiti cagão. Os recifenses, no entanto, o conhecem apenas por oitizeiro (Licania tormentosa). É uma árvore frondosa, que ponde chegar a 15 metros de altura, espalhando sombra e, portanto, nos dando muito conforto térmico. Ela tem uma característica peculiar, apresentando grande resistência a poluidores urbanos. Nessa época, é incrível a abundância de seus frutos, que são jogados ao solo aos borbotões.
Nesta semana, caminhava por uma praça – aqui no Recife – quando me assustei com tanto barulho. Eram oitis maduros, caindo do alto. Aos montes. Comentei, então, com um amigo que minha caminhada não foi solitária, pois andei em companhia dos oitizeiros. E ele não sabia o que era oitizeiro, árvore tão frequente em nossas ruas, jardins públicos e praças. E não é exótica não. É nativa da Mata Atlântica, mas ocorre, também, na Amazônia, em estados como Amazonas e Pará. E, como ele, muitos pernambucanos jamais experimentaram o oiti.
O oitizeiro ocorre em Pernambuco e também na Bahia, Ceará, Paraíba e Piauí. E ainda no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. É uma bela árvore. Dizem que sua madeira é resistente, e pode ser utilizada para estacas, dormentes, cercados, enfim, na construção civil. Contam os antigos que suas folhas, na forma de chá, atuam contra o colesterol e a glicose. Mas de acordo com compêndios do início do século (como o Formulário Fitoterápico do Professor Dias da Rocha, publicado em 1947 no Ceará), o fruto do oiti era indicado para combater diarreias e até mesmo para “suspensão das regras (menstruação)”.
No Nordeste, no entanto – pelo menos no Recife – o fruto do oitizeiro parece não ser muito apreciado. Inclusive no Recife. Ao contrário das mangas que são disputadas por vendedores de rua e apreciadores do fruto (sendo recolhidas até nas calçadas) os oitis ficam jogados nas ruas, praças e jardins, sem que ninguém se interesse em consumi-los. Quem come, o faz in natura e há, até, quem o prefira com leite, como uma vitamina. Na indústria, o caroço do fruto pode ser utilizado para fabricação de borracha, lona de freio e até para tintas e vernizes. Apesar de não estar inserido na cultura alimentar do Nordeste com tanta presença – como mangas, pitombas, cajus – o oiti tem sabor adocicado que, segundo alguns, lembra uma mistura de jaca com manga. Há quem prepare doces com ela. E até quem se inspire no fruto para ser a marca de industria farmacêutica. Sim, no Brasil há uma indústria de suplementos alimentares chamada Oiti.
Nos últimos anos, vários oitizeiros do Recife foram vítimas de arboricídio, da ação da motosserra insana, inclusive no Espinheiro, onde antes eram abundantes. Nos links abaixo você pode conferir curiosidades sobre as árvores, verdadeiras maravilhas da natureza!
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife