Chegou ao fim, na noite do sábado a 1ª Feira de Poesia do Pajeú, realizada na cidade de São José do Egito, considerada o paraíso dos cantadores. A Feira foi um sucesso. As mesas de glosa empolgaram o público sertanejo, com centenas de desafios, que mobilizaram até os poetas mirins. Sim, a meninada também cantou seus versos. E nada, no entanto, ficará perdido. É que os improvisos foram gravados e serão transformados em livros, que devem ser entregues ao público até janeiro de 2020, pela Cepe (Companhia Editora de Pernambuco). Foi da Cepe, aliás, que partiu a iniciativa de realização do evento.
De família de cantadores, a poetisa Ingá Patriota disse que sentiu na Feira “um ambiente para fortalecimento para figuras que vêm pelejando nas trincheiras de criação, arte e transformação social do Pajeú”. Além da chuva de versos – de quinta a sábado – a Feira teve outra iniciativa que merece aplausos: oficinas de xilogravura, ofício antes muito popular no Nordeste, porém cada dia mais raro na região, inclusive em Pernambuco, estado que abriga aquele que é considerado o maior xilogravurista do Brasil: Jota Borges, que tem tipografia, ateliê e memorial na cidade de Bezerros, na região Agreste. Ele é muito solicitado para fazer oficinas em vários estados e até mesmo no exterior.
Já São José do Egito embora seja considerada como a terra de cantadores, conta com uma só casa de xilogravura. A oficina da Feira foi criada com objetivo de repassar a técnica para as novas gerações. O interesse foi tão grande, que houve necessidade de ampliar o número programado de aulas. As oficinas de xilo foram ministradas por Filipe Júnior, Mariana Alves e Jefferson Campos, todos do Sertão do Pajeú, região conhecida como o celeiro dos poetas populares e cantadores.
Nas oficinas, havia muitas crianças, mas também adultos e até idosos. Cada oficina de xilogravura e estêncil teve, em média, 30 alunos. A demanda superou as expectativas. Tanto que escolas de cidades próximas, como Tuparetama e Brejinho, solicitaram mais uma turma para atender aos seus alunos. Teve oficina até de noite. Show de bola. Quem sabe, no meio dessa meninada não surge um artista genial? É esperar para ver. Provavelmente, a meninada que recitou seus versos também deve render futuros poetas, no Sertão do Pajeú.
Recentemente, no Rio Grande do Norte, as crianças deram show no Segundo Encontro de Poetas Jovens. Como vocês podem observar, tem muito poeta bom vindo por aí. E é essencial que essa arte, tão característica do Nordeste, tenha incentivo para que seja mantida pelas próximas gerações. Confira o vídeo, que pesquei no Youtube, dos mini-poetas revelados em evento, em Carnaúba dos Dantas (RN).
Leia também:
MPB e clássicos no Festival de Inverno
Violeiros, cantadores e poetas em Feira
Festival movimenta o Sertão dos Poetas
J.Borges lança três álbuns inéditos
O mundo fantástico de J. Borges
A epifania dos pífanos
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Cepe