Há alguns carnavais, bem antes da pandemia, dei uma chegada ao Festival Rec-Beat, que ocupa o Cais da Alfândega durante os dias da festa, para assistir um show de ninguém menos que… Odair José. Ao contrário do que eu esperava, uma multidão aguardava o artista e muita gente repetia com ele os grandes sucessos do seu repertório, considerado polêmico e imoral nos anos 1970. Atrás de mim, um casal conhecido, residente na cidade do Cabo de Santo Agostinho, cantava todos as suas canções. Ele e ela lembravam praticamente de tudo.
Fiquei surpresa, e o marido informou: “Quando éramos namorados, a casa dela ficava perto de um bordel, lá no Cabo, e as músicas de Odair José tocavam o tempo todo”, disse-me o rapaz, que é jornalista. Realmente entre versos como “pare de tomar a pílula (refrão de “Uma Vida Só)” e “eu vou tirar você desse lugar”, Odair ocupou o seu espaço na cena musical do Brasil, contando histórias de cotidiano de pessoas excluídas e marginalizadas. E também atacou falsos moralismos e a hipocrisia da sociedade.
Ele está completando 50 anos de carreira, com história de sucessos como “O Amor é Tudo” e “Cadê Você”. Não é só isso. Odair José foi um dos artistas mais censurados durante a ditadura militar. Calcula-se que pelo menos 40 de suas letras tenham sido vetadas pela censura. E ao compor uma ópera popular – “O filho de Maria e José” – foi excomungado pela Igreja Católica. Ao longo de sua carreira, o artista vendeu 80 milhões de discos, tendo lançado mais de 50 álbuns, gravações ao vivo, coletâneas e até em espanhol.
No dia 13 de maio, o cantor estará no Recife, para se apresentar no Projeto Seis e Meia, no Teatro do Parque. Os ingressos já estão disponíveis no Sympla, com preços a partir de R$ 60. Na abertura do show, a Banda Corações Selvagens. Conhecido como “o cantor da pílula” e descrito como o “Bob Dylan da Central do Brasil”, Odair José tem trabalho caracterizado por melodias simples e letras diretas que abordam o cotidiano, o amor e os conflitos da sociedade. E tem dado voz aos temas muitas vezes ignorados pelos compositores de sua época: prostitutas, empregadas até os excluídos sociais e a comunidade LGBTQIA+. Em 2023, Odair José completou 75 anos e está celebrando sua trajetória com uma turnê especial que revisita suas principais músicas. O show no Teatro do Parque faz parte desta turnê comemorativa e promete entregar um repertório repleto dos grandes sucessos que definiram sua carreira. Abaixo, uma de suas canções mais conhecidas, que pesquei no YouTube.
Leia também
Belchior “reaparece” no Teatro Guararapes
Eu tenho dois amores, nas Pás
Festival da Seresta anima românticos
Mexe, remexe, se encosta, se enrosca
Lady na mesa e louca na cama
Elymar Santos: “meu coração é brega”
Príncipe do Brega, Kelvis Duran anima Clube das Pás
Festival da Seresta anima românticos
Festival da Seresta anima velha guarda
Festival da Seresta na Praça do Arsenal
Agnaldo Timóteo e seu “Cauby Mineiro”
Sonhar contigo, por toda a vida
“Eu tenho dois amores” nas Pás
“Eu tenho dois amores”
Entre o brega e o baião
Borogodá para matar a saudade do inesquecível Rei do Brega
Morto em 2013, Reginaldo Rossi ganha tributo
Feijoada do Rei volta com The Rossi
Rei do Brega no meio do lixo
A última escalada de Augusto César
Augusto César: Vou escalar todo seu corpo
Vou escalar todo seu corpo
Lady na mesa e louca na cama
Elymar Santos: Meu coração é brega
Revivendo a Raposa e as Uvas
Entre o brega e o baião
Josildo Sá: forró, frevo e romantismo
Clube das Pás: Dança e italiano
Clube das Pás: Divino Rei do Carnaval
Pás: Mulher não paga e ganha flor
Augusto César nas Pás: “Vou escalar todo seu corpo”
Clube das Pás movimenta forró
Pás, um clube com muita história
Clube das Pás, dança e buscapé
Clube das Pás com frevo e samba
Da praia ao Clube das Pás
Serviço:
Odair José no Projeto Seis e Meia
Abertura: Banda Corações Selvagens
Data: 13 de setembro de 2024
Início: 18h30
Local: Teatro do Parque, Rua do Hospício 81, Boa Vista, Recife
Preço: R$ 60,00 (meia entrada) / R$ 120,00 (inteira)
Duração: 180 minutos
Vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/96922/d/271053/s/1852451 e loja Vagamundo, Shopping Boa Vista
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Bernardo Guerreiro / Divulgação
