O tempo bom do joão-de-barro

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A Semana do Meio Ambiente terminou, mas para o #OxeRecife, todo dia é da natureza. Então vou falar hoje do pássaro joão-de-barro. Tudo porque meu amigo Fernando Batista – que é antropólogo, mas também tem alma de biólogo – me envia de Salvador fotos do ninho do pássaro em área urbana: o campus da Universidade Federal da Bahia, onde está fazendo doutorado.

O joão-de-barro tem esse nome popular porque o seu ninho é completamente diferente dos confeccionados por outros pássaros, pois usa a argila, enquanto as demais aves normalmente procuram materiais extraídos da vegetação (folhas, raízes, fibras).  Falam que ele é um “engenheiro” perfeito. Já o nome científico (Furnarius rufus), também tem a ver com o ninho, pois os pesquisadores o acham parecido com um forno.

No Sul do País, a presença dele é sinal de bom tempo. Mas no Sertão nordestino, é pela posição do seu ninho nas árvores da caatinga que os agricultores sabem se haverá  inverno ou se o ano inteiro será de sol causticante. O segredo me foi revelado, uma vez em Quixadá (CE), por um dos chamados profetas da seca: “Se o ninho do joão-de-barro estiver de frente para o nascente, é porque teremos estiagem prolongada”. Depois, acrescentou: “Quando vai ter um bom inverno, ele faz o ninho de frente para o poente, para proteger os filhotes da chuva”.

Alvo de muitas curiosidades, portanto, o pássaro é considerado “trabalhador e inteligente”. O seu canto é animador e deixa as pessoas alegres, pois “parece uma gargalhada”, segundo os especialistas. Enquanto outros pássaros são muito ariscos, o também chamado pedreiro, forneiro ou oleiro é fácil de ser fotografado, pois permite que as pessoas se aproximem sem voar ou fugir. Deve ter a mesma desenvoltura da Maria Mulata, pássaro que observei sem dificuldade em Cartagena e que é uma espécie de símbolo daquela cidade histórica da Colômbia, onde tem até estátua. Bem que o joão-de-barro, com seu ninho engenhoso, poderia virar uma estátua no campus da Ufba onde, segundo Fernando, há  muitos ninhos da espécie. “Um pé de ipê na Ufba, cheio de casa de joão-de-barro”, avisa meu amigo que, como eu, é amante da natureza.

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Texto: Letícia Lins /  #OxeRecife
Fotos: Fernando Batista/ Cortesia (ninho) e Internet

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