O “tapete” vermelho do jambo do Pará

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O verão não é só a estação do sol. Pelo menos, no Recife, onde nesta época do ano as árvores ficam floridas: acácias, flamboyants, ipês. O pau-brasil fica florido e super perfumado.  E as fruteiras estão carregadas: mangueiras, cajueiros, jambeiros, sapotis. Aqui pela Zona Norte, felizmente ainda são vistas em jardins, quintais, praças. E é muito comum a gente observar carrinhos de mão, carroças puxadas por jumentos e até balaios na cabeça, carregados de frutas.

Muitos homens e mulheres, de vara em punho, procuram as frutas – mangas, cajus, jambos principalmente – para engordar o orçamento. Nenhuma das fruteiras, no entanto, tem a capacidade de forrar calçadas e asfalto como o jambo do Pará. Nessa época do ano, quando a gente caminha, se defronta com “tapetes” vermelhos imensos, que ficam caindo do jambeiro. Lembrei de uma grande amiga, para a qual prefaciei um livro com suas receitas de doces. Ela se chamava Laurinha Cisneiros, e vencia todos os campeonatos de doçaria do século passado.

Uma receita me chamava a atenção, porque nunca havia experimentado. Era compota de Jambo do Pará. Ela ensinava como preparar o  doce . “Faça uma calda com um quilo de jambos, bem maduros, abertos ao meio, depois de retirados os caroços. Assim que levantar a fervura, escume a calda e retire do fogo, deixando-a repousar um pouco”. E acrescentava: “Torne a dar outra fervura, retire novamente do fogo e depois de fria, ponha em um pode de barro”. Ela aconselhava, ainda, a colocação de um pau de canela e cravos na calda para ferver. Parece fácil, não é. Vai fazer, para ver…  Só mesmo a alquimia de quem entende do assunto.

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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