Caminhando pela Avenida Dezessete de Agosto, na manhã da quarta-feira, olhem só quem eu encontrei outra vez. O mesmo personagem que mostrei aqui na terça, espalhando e comendo lixo acumulado em calçada, entre a Rua Ilha do Temporal e a Praça Silva Jardim, no bairro do Monteiro. E que no domingo ficou imprensado em um buraco no muro que separa um terreno da avenida, como mostrei no #OxeRecife. Ali, não tem mesmo jeito: é lixo irregularmente descartado todos os dias. Aliás, todas as horas. E o monturo cresce a uma impressinante velocidade.
Na terça, logo cedo, por volta de oito da manhã, passei andando pelo mesmo local. E estava limpíssimo. O caminhão da limpeza pública (Emlurb) havia passado e levado tudo, inclusive o lixo espalhado pelo chão, fora dos sacos plásticos, devido à ação de animais (como os porcos) e também de alguns catadores, que abrem tudo em busca de plástico, latinhas, papelão. Na quarta, quando passei pelo mesmo local na mesma hora, na minha caminhada, a situação já era de muito lixo acumulado, de novo, com a presença do porco.

Sendo assim, não seria difícil identificar os humanos porcos, porque são sempre os mesmos que fazem o descarte irregular no mesmo lugar, segundo apurei com moradores e uma lojinha que fica perto do “chiqueiro”. Para o cidadão, não custa nada colocar o lixo na rua só na hora da coleta, assim como separar o que é orgânico do que não é, e que pode ser reaproveitado: papel, garrafa, plástico, vidro, latinhas. Aqui em casa separo tudo e levo para locais adequados. E tem dia que passa catador, em busca desses materiais, que são a sobrevivência de muita gente. Então, junto também para eles. Tudo lavadinho, limpinho, como manda o bom senso, a higiene e, claro, a cidadania. Mas os condomínios que existem na Avenida e as casas de festa não pensam nisso. É tudo junto e misturado. Também é tudo junto e misturado, em coletores “ecopontos” espalhados no Recife pela Emlurb. Garrafa com resto de comida, papel sujo com vasilhames, latas. Do ponto de vista didático, tão necessário no Recife, isso é péssimo.
Por parte de condomínios e casas de festa, não pensam, sequer, que os catadores vivem da coleta de materiais recicláveis e que esses imóveis prestariam um bom serviço à limpeza das ruas, se deixassem tudo pronto para eles. Se condomínios, restaurantes ou casas de festa separassem e entregassem materiais recicláveis a cooperativas ou catadores, já era meio caminho andado. E a rua não ficaria assim tão suja. Tão podre, aliás. Pois, voltando aos porquinhos, eles estavam lá, de novo, na calçada, procurando comida no… lixo. Na ida, a calçada estava limpa, o lixo havia sido coletado. Na volta,na terça, uma hora depois, já tinha entulho aparecendo no local. Na quarta, a sujeira já era imensa de novo. Ou seja, as pessoas não têm, sequer, consciência para colocar o lixo na rua na hora da coleta. Haja gente mal educada. E muitos porcos urbanos. Depois, chegam os ratos, as baratas, os escorpiões. E multa nos porcalhões que é bom, nada….
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife