É impressionante como falta educação doméstica quanto à questão do lixo no Recife. Esse tipo de serviço público na nossa cidade já não é um primor de perfeição. E sem a população colaborar, a coisa é pior ainda. Estive no final do ano passado em Salvador e fiquei encantada com a limpeza das ruas. Não vi lixo acumulado em praças, nem em esquinas, nem em feiras e muito menos às margens de estradas, ao contrário do que se observa aqui, inclusive aos lados da BR-101, rodovia federal, mas gerida pelo Estado na Região Metropolitana.
Pois do bairro de Apipucos, onde resido, até Boa Viagem, o que a gente encontra são entulhos ao longo da BR 101 e também em um trecho da Avenida Recife. E de montão. Metralhas, então, nem se fala. Estão nos canteiros centrais, nas margens e nos terrenos onde deveria estar funcionando o falido Projeto Rios da Gente. A sujeira aqui ocorre em bairros populares e também nos sofisticados. Quando a gente sobe o morro, defronta-se com lixo acumulado nas encostas, nas margens de canais, nas calçadas, no asfalto. Até sobre as lonas plásticas, que cobrem as encostas para evitar deslizamentos, os detritos são jogados.

Quando a gente desce a bairros mais sofisticados, como o Poço da Panela, Casa Forte, Apipucos, Boa Viagem, a situação não é diferente. Na manhã de hoje, por exemplo, havia uma montanha de lixo à margem do Canal do Parnamirim, em lado ao Plaza Shopping que, ao meu ver, deveria desenvolver um projeto de educação ambiental com moradores da área. Em Apipucos, é cada dia mais larga a faixa de metralhas jogadas na encosta, ao lado da Igreja de Nossa Senhora das Dores.
No Poço da Panela, onde um grupo de moradores tenta viabilizar o Jardim Secreto à margem do Capibaribe, me chegam notícias de lixo acumulado em praças e vias, como mostra a foto na Rua Tito Lívio Soares. A intervenção que vem sendo feita à margem do Rio pela Associação de Moradores e Amigos do Poço da Panela (Amapp) inibiu por apenas alguns dias os porcalhões, e todo mundo começou a ser animar. De repente, um veículo chega lá, por duas vezes, para efetuar despejo. Semana passada, um cidadão parou uma Kombi na margem do Açude de Apipucos e atirou lá um sofá, segundo denúncia de moradores. Apesar da sujeira, muita gente ainda tenta fazer pesca com rede no local. Mas 90 por cento do que chega não é peixe. É lixo mesmo.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Amapp (Cortesia)