O Recife do #EleSim e do #EleNão

No último sábado, me deparei com essa placa, em uma barraca na Rua da Saudade, no Centro do Recife. “O único bombardeio que fortalece a democracia é o de ideias”. E é mesmo. Pensei na situação que a gente está vivendo, quando até velhos amigos e irmãos brigam, perdem amizades, por conta de divergências políticas. Para que tanta agressão?  Cada pessoa tem o direito de ter sua convicção e externar isso no seu voto. Mas a coisa está chegando a uma radicalização, como nunca vi em eleição presidencial. E olhem que, como repórter política, cobri todas, a partir da chamada redemocratização:  Tancredo Neves, Fernando Collor, FHC, Lula, Dilma.

Aí, cansei de ouvir tanto blá-blá-blá. E não quis mais saber de cobertura política.  E em 2018, estou de fora, à frente aqui, no #OxeRecife, Blog voltado para as coisas da cidade, direitos dos cidadãos, defesa do meio ambiente. Mas como me omitir de falar em política, se a cidade não viveu outro clima, neste final de semana? No sábado, cerca de 15 mil pessoas – segundo a PM e de acordo com os manifestantes – fizeram uma caminhada, convocada nas redes sociais pelas mulheres, do movimento #EleNão.  Os manifestantes saíram do Derby e foram até a Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio. No domingo, houve uma carreata na orla de Boa Viagem, Zona Sul do Recife – com trios elétricos, motociclistas e muitos, mas muitos carros (de luxo, em sua maioria) – dos adeptos do #EleSim, com a qual me deparei, exatamente quando saía da praia. Um automóvel me chamou a atenção: “O mito que vai salvar o Brasil”. Como assim, a eleição ainda nem aconteceu e Bolsonaro já virou mito?

Eu tenho muito temor de messianismo, fanatismo, de “mitos”, de excesso doentio de manifestações de patriotismo, porque esse filme muita gente já viu, no Brasil e no Exterior, e todo mundo sabe o que aconteceu. É só saber um pouco de história. E também temo líderes políticos, com propostas fantasiosas e belicistas.. Lembram de Fernando Collor, que ia salvar o Brasil da sanha dos marajás? Deu no que deu. Lula dizia que “não tenho o direito de errar”, devido à sua  trajetória de menino miserável do Nordeste ao mais alto cargo da República. Está sendo questionado na justiça.  Descaminhos no seu partido, infelizmente, podem estar levando a população a uma nova ilusão,a um histerismo coletivo. Então, gente, é esfriar a cabeça, fazer uma reflexão e votar no menos ruim. Não tem outro jeito. Eu vou com o que tiver a ficha menos suja e que não represente risco de retrocesso para a democracia nem para os direitos conquistados a tanto custo pelo povo brasileiro.  Não são tão distantes os tempos em que o Brasil não tinha estado de direito,  onde não havia liberdade de imprensa,  os “inimigos do regime”  eram “suicidados”  nas masmorras, a inflação andava a galope, corroendo o salário do trabalhador.

No último sábado, foi só fazer uma analogia aqui entre alimentação saudável e escolhas saudavelmente políticas,  para ter leitor dizendo que nem vai mais ler o #OxeRecife. “Que tristeza. Gostava até dessa página. Mas não me junto com inimigos do Brasil e do povo sofrido”, afirma Isabel Carvalho, em mensagem que me foi enviada. Tudo bem, Isabel, tchau então. Caio Adobbati afirma que era melhor que eu tivesse postado “a carta aberta de FHC”. Mas ela já fora publicada em todos os jornais, não me cabia fazer o repeteco, noticiando algo que todo mundo já havia lido.

Vlack Alves  ironizou. “Vocês são uma piada. Por que não fazem esse movimento contra Ciro Gomes e Lula/Dilma que apoiam e financiam ditaduras e ditadores?”.  Pedro Barbosa também reclamou. “Bolsonaro, sim, esquerda não. Já fui enganado”.  Então, tá. Vamos acabar com radicalismos, brigalhada, e exercer a cidadania, com voto consciente e respeito à posição do seu vizinho. Aqui estou postando vídeos das caminhadas do #EleNão e do #EleSim. Cada leitor procure ver a que achar melhor. E eu – como cidadã – tenho o direito, como todo brasileiro, de votar com a minha consciência, e não pela imposição da patrulha, seja de direita ou de esquerda. Me poupem. Sou adulta, sei o que quero para mim e para o meu país. E muito mais o que não quero. Vou com o leitor Guilherme Castro, que me enviou um parabéns. “Pela sensatez”. Obrigada, Guilherme.

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Texto, foto e vídeos: Letícia Lins/ #OxeRecife

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