Que o Pau–Brasil é árvore nacional, assim declarada em decreto (Lei 6.607 de 7/12/1978), todo mundo sabe. Os livros de história nos mostram, também, que a espécie foi praticamente dizimada pela ganância dos nossos colonizadores e praticamente extinta no nosso país. E só não o foi, é bom que se lembre, devido ao esforço e à dedicação do professor Roldão de Siqueira Fontes, que na década de 1970 tomou como missão disseminar mudas por todo o país, quando a planta começou a ressurgir em bosques, jardins, praças e ruas do Recife e de outras cidades brasileiras.
Só ao lado da minha casa, hoje, são três da espécie, todas adultas. Na época de floração, nem é preciso olhar para o alto para saber que as árvores estão cheios de flores amarelas. Porque logo cedo, o perfume é tão intenso, que dá para saber, até de olhos fechados, que a planta está florida, quando vira festa para pássaros, abelhas, até para os saguis que, alegres, pulam de galho em galho. Também sabemos que o pernambucano aprecia muito uma cachaça, a branquinha.
Branquinha é como os boêmios e amantes da bebida costumam chamar a aguardente. E não é novidade que a preferida, ou pelo menos a mais famosa, até idolatrada em Pernambuco é a Pitú. Se você pergunta a alguém no Recife ou no interior qual a marca de cachaça preferida, a resposta é imediata: Pitú. Mas… será que há alguma ligação entre o Pau-Brasil e a Pitu? Não, seria a resposta mais acertada. Porém, a resposta é sim para moradores do Bairro da Boa Vista, onde um pé de Pau-Brasil virou de “Pau-Pitú”. Pode?
O flagrante foi feito por um amigo, Fernando Batista, pernambucano que reside em Salvador, e decidiu matar as saudades de amigos e das comidinhas (incluindo o doce sonho), no bairro da Boa Vista. Bem pertinho do Imip, deparou-se com a “homenagem” à Pitú. O registro foi feito no início de janeiro. Vai ver que o “Pau-Pitú” foi a árvore de natal dos pinguços das redondezas. Fernando, que é ligado em baobá e costuma ver a árvore com ojás, assim como estudar seu lado sagrado, achou estranho o Pau-Brasil virar um “altar” dedicado à cachaça. No caso, a Pitú, no mercado desde 1938, e tida como a maior exportadora da branquinha no Brasil. Haja imaginação da turma do copo….
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fernando Batista / Cortesia