Nada como respirar ar puro. Foi isso que o Grupo Caminhadas Domingueiras fez, no roteiro do último domingo, quando saímos a pé (de Camaragibe) para a Várzea. O destino era a Oficina Francisco Brennand, para a qual nos dirigimos por uma trilha no meio das matas de São João. Capitaneado por Francisco Cunha, o grupo, de mais de 200 pessoas, percorreu mais de seis quilômetros a pé, depois de um percurso no metrô. Dessa vez, até o Prefeito Geraldo Júlio (PSB) e a ex-primeira dama Renata Campos apareceram.
Para Renata, o roteiro não chegou a ser propriamente uma novidade, já que ela o fazia aos domingos, sempre que possível, em companhia marido, o ex-Governador Eduardo Campos (PSB), que faleceu em acidente na última campanha presidencial. Contou que o casal costumava caminhar ou andar de bicicleta pela área arborizada, aos finais de semana. Para grande parte do grupo, no entanto, o roteiro era novidade. Inclusive para mim. Conheço a Oficina Francisco Brennand, aquela “catedral da arte” – que acho o máximo – mas nunca cheguei lá pela trilha verde. Ia sempre de carro, pela estrada convencional, embora esta também corte a mata de São João.

A pé, no entanto, a gente vai devagar, no meio de árvores centenárias, sentindo o cheirinho do mato e a temperatura muito mais amena do que a gente enfrenta no asfalto. Bom, também, escutar o canto dos pássaros, tão pertinho de nós. Também vi muitas espécies nativas da Mata Atlântica, inclusive o ameaçado pau-de-jangada. Não entramos nos galpões e outros imóveis da Oficina. Apenas paramos para contemplar os jardins de Burle Marx, as figuras em cerâmica, o laguinho à entrada. Valeu pela trilha, até então desconhecida para mim. O objetivo era andar pela mata mesmo. Não sei se todas as pessoas que fizeram parte do grupo já tinham visitado a Oficina Francisco Brennand.
Em todo caso, Francisco repassou para o grupo sua história. Mostrou que as terras ali eram constituídas de três engenhos – Cosme e Damião, São João e São Francisco – que forneciam cana à usina da família. Posteriormente, o pai de Francisco fundou uma fábrica de cerâmica no lugar da usina, que foi desativada no século passado. Em 1971, a indústria em ruínas foi repassada a Francisco Brennand. O artista não só a reergueu – fabricando pisos e revestimentos – como conseguiu sustentação financeira para concretizar seu sonho, hoje uma monumental obra de arte, única no mundo, assunto ao qual volto em breve, aqui no #OxeRecife.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife