Apesar do clima de Black Friday que tomou conta do Morro da Conceição – do padre ao camelô, todos utilizavam a expressão para vender seus produtos pela “metade do preço”- a oferta de promoção não chegou para Dênio Pimentel, natural de Alagoas, e atualmente morando em Sergipe. O ambulante e artesão vendia seu “apito da titia” por R$ 5. Com o “instrumento” por ele fabricado, sonoriza muitas frases: “ai,titia”, “Amém” (fazendo coro com fiéis, durante a missa), “vai papai”, faz latido, o canto do pica-pau, e até executa o Hino Nacional.
Bom marqueteiro, apita conforme a necessidade e a oportunidade. “Eu também interpreto os hinos de todos os clubes de futebol. Aqui toco o do Sport, do Náutico e do Santa Cruz”, diz. Encontrei Dênio, na mesma festa de Nossa Senhora da Conceição, no ano passado. Ele me disse que percorre o Brasil todo, vendendo seu apito, feito com canudo, massa Epoxi (para moldar a cabeça de um pica-pau), e uma cornetinha.
Ele chama atenção. Na hora do amém, o seu apito agudo repetindo a palavra, se confunde com o dos devotos, no meio da missa. “Ai, titia”, sonoriza na corneta. A meninada vai atrás comprar. Mas os pais achavam caro. Mesmo assim, Dênio tinha expectativa de vender 250, toda a produção trazida. No final da manhã, já se livrara da metade. “Eu percorro o Brasil inteiro. Vou para o Ceará (Festa de Padre Cícero e São Francisco de Canindé), Pernambuco (Nossa Senhora da Conceição, São Severino dos Ramos, entre outras). Viajo até o Pará, para o Círio de Nazaré. Gastei R$ 1.200 de avião, mas vendi mais de 3 mil apitos. Só não vendi mais porque precisava parar para descansar”, conta.
(Foto: Letícia Lins / #OxeRecife)