Novas luminárias de LED do Recife. Por que desfigurar nossas praças?

Compartilhe nas redes sociais…

O Prefeito do Recife, João Campos (PSB) disse hoje que, em breve, nossa cidade estará com sua iluminação toda com luz de LED. É aí que mora o perigo. Refiro-me ao perigo de descaracterização da cidade, porque o seu antecessor desfigurou praças, parques e até pontes ao adotar o sistema. Nem mesmo áreas antigas, bem tradicionais, foram respeitadas. Um horror.

Aconteceu nas Praças José Vilela, Francisco Pessoa de Queiroz, de Apipucos e até em alguns parques, como o Apipucos Maximiano Campos e o da Macaxeira.  No Centro da Cidade já as vi até em praças históricas, como a Maciel Pinheiro. É brincadeira? Em algumas dessas áreas, como é o caso da Praça de Apipucos, luminárias seculares foram criminosamente retiradas.  E elas eram lindas e antigas. Ainda são comuns e muito bem preservadas em recantos da Europa e dos Estados Unidos.

Mas no Recife… Ninguém sabe onde foram parar. Na Praça de Apipucos –  as antigas foram substituídas por esses lampiões que, na foto, ainda estavam no chão, no dia em que seriam colocados porque eram “mais modernos”. Eles têm vidros laterais, mas a maior parte dos que foram colocados em praças e parques, nem isso têm. É só o ferro mesmo, e de qualidade aparentemente discutível.

Em outras praças – como a José Vilela e Francisco Pessoa de Queiroz – o que houve mesmo foi atentado estético. Pois os antes harmoniosos e originais conjuntos de luminárias de rua, idealizadas de acordo com o projeto urbanístico de cada logradouro, foram substituídos por lampiões de ferro padronizados, ordinários e que já estão até começando a despencar como se vê na foto abaixo. Será que todos da cidade serão substituídos por isso daí? Meu Deus…

Em praças da Zona Norte, os monstrengos de LED substituíram luminárias originais e até seculares, em alguns casos.

É muito bom que a cidade fique iluminada, o que inclusive garante maior segurança para pedestres e moradores. Segundo o Prefeito, os pontos de LED do Recife já somam 84 mil do total de 98.578 existentes, o que representa 85% da iluminação da cidade em LED. Hoje, no Alto do Buriti – Zona Norte do Recife –  onde foi vistoriar os serviços, ele disse: “O que a gente está vendo aqui, a gente vai levar a 100% da cidade, e vamos iluminar todas as escadarias do Recife também”.

Tudo bem. Até porque como ele mesmo lembra, luzes de LED representam economia de energia elétrica que varia entre 12,5 por cento e 50,73 por cento (dependendo da potência). O que não se pode é desfigurar as praças e parques do Recife em nome dessa economia, substituindo-se as luminárias tradicionais por uns monstrengos que nada acrescentam à beleza da cidade. Pelo contrário, a ofendem. Será que não não existe tecnologia para adaptar?

Na Praça F. Pessoa de Queiroz, em Casa Forte, só sobrou uma das luminárias originais. Devem ter esquecido de trocar.

Informa ainda a Prefeitura que os novos equipamentos em LED são 214,81% mais eficientes do que as luminárias vapor de sódio existentes e que permitem que ao final de 50 mil horas de utilização ainda seja garantido pelo menos 70% do fluxo luminoso, inicial projetado. De acordo com a Prefeitura, o uso de LED também é ecologicamente correto. Ótimo. Mas a cidade não pode ser desfigurada por conta disso, pois soluções existem para resolver problemas desse tipo. Em qualquer lugar do mundo, luminárias tão cenográficas como as que tínhamos seriam preservadas. Ainda predominam em paisagens da Europa e dos Estados Unidos. No Recife, os lampiões “modernos” chegaram a ficar desproporcionais em postes muito altos.

” O novo sistema tem o benefício da redução dos casos de efeito estufa que afeta diretamente o meio ambiente. Isso faz com que as pessoas vivam mais o espaço público no período noturno”, explicou a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, ex Presidente da Emlurb e em cuja gestão as luminárias das praças do Recife passaram a ser padronizadas, com lampiões que já estão até despencando como vocês podem ver nas fotos.   São “substituições” como essas – que não levam em conta  as tradições, a arquitetura e a história dos nossos equipamentos urbanos  que contribuem para acabar com a identidade das cidades. Tomara que outras localidades tradicionais – Praça de Casa Forte e Rua do Bom Jesus  não sofram essa agressão. Respeito ao Recife é bom. E eu gosto.

Leia também:
Praça José Vilela não é mais assim. Sofreu um atentado estético
O Recife está ficando sem elas
De olho nas luminárias da Bom Jesus
Apipucos: Adeus às antigas luminárias
Vamos salvar o centro do Recife?
Joao Campos, se eu fosse você…
Pátio de São Pedro está sendo pilhado
Que horror, Pátio de São Pedro
Cadê os lampiões da Ponte Velha?
Instituto Oficina Francisco Brennand: “O Recife não merece tamanho desrespeito”
Parque das Esculturas: “Proteger patrimônio não é caro”
Depois de pilhado à exaustão, Parque das Esculturas vai ter segurança 24 horas
Lixo oficial nas margens do Rio Capibaribe
Atentado à estética no Boulevard 
Recife se  prepara para os 500 anos
O charme da Rua do Bom Jesus
Aluga-se um belo prédio na Bom Jesus
Bom Jesus ganha moldura para selfies
Re-Use no Inciti, na Bom Jesus, 191
Pobre Recife. Será que isso vai mudar?

O Recife da paisagem mutilada
Fonte luminosa na Praça do Arsenal
Sessão Recife Nostalgia: os cafés do século 19 na cidade que imitava Paris
Art Déco: Miami ou Recife?
Aos 483, o Recife é lindo?
Uma cidade boa para todo mundo
Você está feliz com o Recife?

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

Continue lendo

One comment

  1. Muito bem observado, algumas das lâmpadas retiradas eram Arte da maior qualidade, peças históricas, mas Joao Campos vem aí a tornar pior o que já é precário, é necessário se fazer um passeio até Olinda, passeio a ver as monstruosidades erguidas ali, o seu pai falecido foi o responsável por elas, os viadutos da PE 15 são inexcedíveis em feiúra, um desarranjo, obras esdrúxulas de baixíssima qualidade, o tal Eduardo Campos ao invés de aproveitar o dinheiro ali gasto e embelezar o Grande Recife construiu monstruosidades, se esforçou ao máximo, conseguiu oseu objetivo, valendo ressaltar a destruição pretendida pelo defunto se estenderia à avenida Agamenom Magalhães, mas foi barrada pela pressão popular. Seriam três viadutos a dextruir aavenida. Terá o João Campos herdado o gosto estético horrível do defunto? A falta de cuidado à história e à estética do Recife lhe foi transmitida?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.