Novas atrações em Salvador: Cidade da Música da Bahia e Galeria Mercado

Após um pequeno recesso aqui no #OxeRecife, estou regressando de Salvador, onde fui curtir o feriadão de São João com parte da família.  Como nas últimas vezes em que lá estive, a limpeza urbana da capital da Bahia me chamou a atenção. Circulando por toda a cidade entre quinta (20/6) e segunda-feira (24/6) – bairros nobres, periferia, centro – só presenciei um ponto de acúmulo de lixo.  E, assim mesmo, bem menor do que os que a gente costuma ver no Recife, em quase todas as esquinas.  Também notei que os postes de iluminação pública contam com duas  hastes para as lâmpadas. Uma voltada para o asfalto e outra para a calçada, o que aumenta a segurança do pedestre.
No Recife, a direção da iluminação pública é sempre questionada por “iluminar mais os carros do que os caminhos das pessoas”, segundo reclamaram muitos moradores da cidade, inclusive com registro aqui nesse espaço. Voltando a Salvador: nos roteiros turísticos, duas grandes surpresas: a nova Galeria Mercado (do Mercado Modelo) e o Sobrado Azulejado, que virou Cidade da Música da Bahia. Ambos ficam no Bairro do Comércio, na parte baixa da cidade. O Casarão, então em ruínas, já tinha virado notícia aqui no #OxeRecife, pela sua beleza arquitetônica, sua fachada azulejada e suas 60 janelas ogivais. Foi aí que descobri que o imóvel viraria um museu dedicado a contar a história da música na Bahia. E virou. Com 1.900 metros quadrados de área construída, concepção de projeto do antropólogo Antônio Risério e cenografia de ninguém menos que Gringo Cardia, o casarão é um museu interativo que conta a história da música na Bahia a partir da influência afro até os dias atuais e os ritmos da periferia.

Mostra informações históricas como a segundo a qual Gregório de Matos ( o Boca do Inferno, 1636-1696) – era não só um poeta mas também um cantador. Passa por João Gilberto e a Bossa Nova, até estrelas da cenário atual da música baiana como Ivete Sangalo e Daniela Mercury, assim como os movimentos musicais da periferia de Salvador. Mas os temas não são impostos, pois em cada cabine o visitante tem o direito de escolher o assunto ou personagem cuja história lhe interessa ver contada em vídeo. Há até um espaço karoekê, onde o visitante pode cantar, gravar e receber o vídeo da própria “performance” por e-mail.

Com o neto Henrique, no pavimento da Cidade da Música da Bahia, onde ficam os estúdios de karoekê

Ali juntinho, outra surpresa: o subsolo do Mercado Modelo, que foi transformado em Galeria Mercado, que também tem o objetivo de desmistificar algumas informações como a de que o ambiente servia para abrigar o comércio de escravizados. Na verdade, o subterrâneo era usado para guardar vinhos, segundo  o historiador Daniel Rebouças.

Durante muito tempo, o “porão” não era utilizado porque “devido a um erro” na construção do prédio, antiga Alfândega de Salvador, a água invade a parte inferior, pois esta fica abaixo do nível do mar. A água ainda está lá, mas há plataformas sobre as quais o público se desloca, para visitar a galeria. Chamou a atenção, também, a profusão de “lágrimas”, que pendem do teto distribuídas em 15 mil lâmpadas de vidro transparente reutilizadas (foto abaixo).

Com os netos gêmeos, César e Alice sob a “chuva” de 15 mil lágrimas de lâmpadas reutilizadas

A Galeria Mercado conta a história do Mercado Modelo, a partir de fotografias restauradas e também traz obras de artistas contemporâneos da Bahia. A Galeria Mercado foi inaugurada 2024, por iniciativa da Prefeitura de Salvador. Assim, o Mercado Modelo, conhecido pelo seu comércio de artesanato, de comidas típicas, de objetos religiosos ligados ao candomblé e por sua varanda de frente para a Baía de Todos os Santos, tem agora mais uma atração. O subterrâneo permanentemente inundado deixou de ser um problema para transformar-se em solução criativa e atração turística.

Portanto, a Galeria Mercado não pode deixar de ser vista e já se inclui entre os locais de visita obrigatória para qualquer turista que chegue a Salvador. Se a varanda do Mercado Modelo é tão importante para que se admire uma das mais icônicas paisagens de Salvador, o seu subsolo transformou-se em um poço com irrecusável convite para um mergulho na história do seu  mais famoso mercado público que é, também, a história de Salvador. Havia outras novidades mas, infelizmente, eram instituições que não funcionam às segundas-feiras. Um destas era a Casa das Histórias de Salvador, vizinha à Cidade da Música. Infelizmente não houve tempo de visitá-la. Vai ficar para depois. Fui em viagem em família, com minha filha Joana Carolina, o genro Fernando Amorim, e três dos netos queridos: Henrique, Alice e César. Um feriadão maravilhoso…

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Joana Carolina e César Amorim / Álbum de família

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