Pouco antes de ir ao encontro do Grupo Caminhadas Domingueiras – que fez hoje um percurso a pé de sete quilômetros entre o Centro e o Bairro de Casa Forte – passei no Pátio do Carmo, para pedir a bênção à Padroeira do Recife, cuja festa se encerra hoje com procissão pelo Centro do Recife. Logo cedo, todo o complexo religioso em homenagem a Nossa Senhora do Carmo já estava lotado.
E não era para menos, porque os devotos somam milhares, nessa festa secular, que tem “somente” 327 anos. Entre meia noite e o final da tarde desse domingo, pelo menos 26 missas terão sido celebradas, na Basílica do Carmo, no seu Claustro e na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, onde haverá missa solene a partir das 16h. Logo em seguida, a Procissão de Nossa Senhora do Carmo Peregrina toma as ruas do Centro do Recife. Após recolhida a imagem, haverá shows no palco armado em frente à Igreja, que será capitaneados por Frei Damião e Flávio Pio.
Nossa Senhora do Carmo é padroeira do Recife desde 1909, em benefício concedido pelo Papa Pio X (1835 – 1914). Muito devota, a população pernambucana não ficou satisfeita com o título, e exigiu que a Santa fosse declarada, também “Rainha do Recife” e “Rainha de Pernambuco”. A solenidade em frente à Faculdade de Direito do Recife, mobilizou toda a capital, pois a intenção era que a coroação fosse um evento que ficasse na história de Pernambuco. Com milhares de pessoas nas ruas, Nossa Senhora do Carmo tornou-se, então, a segunda Santa a ser coroada canonicamente no Brasil, em 1911.
A primeira tinha sido Nossa Senhora Aparecida, em 1908 (Aparecida é Padroeira do Brasil). No Recife, Igreja e Convento foram reformados e a imagem da Santa ganhou coroa com três quilos de ouro e 60 centímetros de altura. “Tudo confeccionado pela generosidade do povo pernambucano”. No ano passado, a Rainha do Recife e Rainha de Pernambuco ganhou joias novas, em cerimônia assistida por centenas de fiéis. Em 2023, a Festa de Nossa Senhora do Carmo chega à 327ª edição, sendo uma das manifestações religiosas mais tradicionais do estado. Nas ruas, nesse domingo pela manhã, era grande o comércio, toalhas e camisetas com a imagem da Santa, além de flores amarelas. A cor amarela é também a de Oxum, que corresponde à Nossa Senhora do Carmo, no sincretismo religioso. Por esse motivo, a data também é comemorada nos terreiros, que seguem religiões de origem afro.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife