Exemplos que deveriam ser copiados. Depois das ações de recomposição da caatinga – com plantio que deve atingir 312 mil mudas de árvores nativas em áreas devastadas do Sertão – a Agrovale acaba de assinar um convênio com a Prefeitura de Petrolina, que permitirá alimentar o rebanho de 19 mil criadores do município, localizado na região do São Francisco. A iniciativa chega em boa hora, já que o inverno nunca é generoso para com o Semi-Árido pernambucano. Sem a chuva, o pasto fica prejudicado e o gado pode até morrer de fome. A empresa doará palhada da produção de cana-de-açúcar para pequenos produtores.
A ação, no entanto, não é isolada. O diretor vice-presidente da empresa, Denisson Flores, informa que ela integra o projeto de responsabilidade social e ambiental da Agrovale, que foi criado em 2018. A agroindústria fica em Juazeiro (Bahia), cidade vizinha a Petrolina (Pernambuco), situada a 769 quilômetros do Recife. A mesma iniciativa já beneficia 51 mil pequenos produtores rurais de 16 municípios com a doação de mais de 80 mil toneladas de palhada para os rebanhos bovinos, caprinos e ovinos da região.

A ação é boa para pequenos e médios criadores, principalmente aqueles que possuem áreas de sequeiro (sem irrigação). Mas também pode funcionar como um alívio para a empresa, já que toneladas de palha se acumulam no solo após a colheita. E é preciso que seja recolhida, para dar início a um novo plantio. Bom que tem destino útil. No Ceará, por exemplo, são grandes as montanhas de bagaço de caju que sobram das indústrias de doces e sucos e também de produção de castanhas. Em muitas fazendas de caju, o gado não dá vencimento, e fonte tão rica de fibras e vitaminas é um retrato de desperdício.
No Sertão, o aproveitamento da palha da cana alimenta o gado. “Aprimoramos técnicas de manejo da cultura e fizemos investimentos para ampliação do recolhimento e enfardamento da palha residual da colheita mecanizada. Com a doação do suporte alimentar estamos contribuindo para o fomento da cadeia produtiva dos pequenos pecuaristas”, diz Flores. Durante as secas do Sertão, os produtores alimentam os animais com palma, uma cactácea que termina ficando muito cara para os agricultores, quando dispara a demanda.
Flores informa que a empresa também reaproveita a palhada na cogeração de eletricidade, “reduzindo assim gradualmente o emprego da queima controlada como método de pré-colheita”. De acordo com o secretário de Agricultura de Petrolina, Gilberto Melo, a parceria vai beneficiar toda a área de sequeiro do município, ampliando a oferta de alimento para os rebanhos de 19 mil criadores que sofrem com a estiagem prolongada. Ainda segundo o secretário, os pequenos produtores rurais e associações da categoria serão cadastrados na sede da Seagri (Rua das Laranjeiras, n° 265, Centro – Petrolina), para organização da ordem de entrega das doações e retirada da palhada na própria Agrovale.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ Agrovale e Letícia Lins