No Sertão, na trilha de Lampião

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Conheci Anildomá Willians há um bom tempo, quando liderou, em 1990, uma campanha para a edificação de uma estátua em homenagem a Lampião, no centro de Serra Talhada (foto), município sertanejo onde nasceu o cangaceiro há exatos 120 anos. A iniciativa rendeu tanta polêmica que terminou com a realização de um plebiscito, com 79 por cento da população votando a favor da estátua, até hoje não edificada naquele município localizado no Sertão do Pajeú. Ainda hoje, a pergunta de Willians intriga muita gente: Lampião foi bandido ou herói? Tantos tempos depois, Lampião virou história.

E, claro, Virgulino Ferreira – seu nome de nascença – é visto por muitos estudiosos como um produto do seu meio, um Sertão primevo, famélico, sem lei nem justiça social.  Por tudo isso, Lampião se tornou figura lendária que, ainda hoje, alimenta o imaginário popular no Nordeste motivando discussões apaixonadas. E tanto é assim, que cinco anos após o plebiscito, Anildomá fundou o grupo de dança Cabras de Lampião, para fomentar o xaxado (que divertia os cangaceiros). Hoje o grupo está integrado à Fundação de Cultura Casa de Lampião, onde funciona o Museu do Cangaço, que facilita a vida de quem quer trilhar os caminhos feitos pelo cangaceiro na terra onde virou um mito.

Grupo “Cabras de Lampião” preserva o xaxado (dança dos cangaceiros) e faz apresentações para estudantes e visitantes.

Como produtor cultural, Anildomá idealizou o Projeto Passeando pela História, que leva estudantes a vivenciar locais que foram palcos de acontecimentos envolvendo Lampião e seu bando. A última vivência do projeto em 2018, aconteceu nessa quarta-feira (24), com participação de estudantes da Escola Municipal Enock Ignácio de Santa Rita, da Zona Rural de Serra Talhada,. A criançada reviveu a história do Cangaço e pôde visitar lugares de acontecimentos históricos envolvendo o cangaço. O ponto de partida da aventura foi a Praça Agamenon Magalhães, que deu origem ao município, localizado a 418 quilômetros do Recife. E que ainda mantém os casarios construídos nos séculos 18 e 19. Depois o grupo seguiu para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída pelos escravos no século 17, que conta com muitas histórias e lendas que permeiam o imaginário popular. Também houve visita à a Casa da Cultura de Serra, onde os jovens tiveram contato com o acervo cultural e histórico da localidade.

O grupo também visitou o Museu do Cangaço, o maior do gênero do Brasil, que funciona na antiga estação ferroviária e que tem relíquias do personagem sertanejo Lampião, como utensílios domésticos, armas usadas, fotografias, livros, filmes e documentários sobre os cangaceiros, a volante (como era chamada a polícia que perseguia Lampião) e outros personagens que foram parte forte da história do cangaço. O projeto conta com o incentivo cultural do Funcultura; Fundarpe; Secretaria de Cultura de Serra Talhada e Governo de Pernambuco, e ainda com a parceria da Prefeitura Municipal de Serra Talhada; Fundação Cultural de Serra e Secretaria Municipal de Educação.  O bom disso tudo – para quem mora no Recife  ou em outro local – é que é possível fazer o mesmo roteiro da meninada. sim. Basta agendar. O preço do percurso é único: R$ 100, seja um casal ou 20, 30, 40 pessoas. O roteiro pode ser feito de moto, carro ou ônibus, dependendo do tamanho do grupo. Veja no serviço como tornar possível um mergulho nas andanças de Lampião (incluindo o Sítio Passagem das Pedras, a Serra  Vermelha e a casa de Dona Jacosa,a avó materna do cangaceiro). Vamos?

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Serviço
NaTrilha de Lampião
Onde: Serra Talhada
Quanto: R$ 100 (por grupo)
Como agendar: (87) 38313860, no horário comercial

Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Sebastião Costa/ Divulgação

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