O trabalho é bonito e cristão: dar comida a quem tem fome. Porém acredito que todos os grupos que fazem ações sociais nas ruas do Recife – distribuindo refeições em quentinhas – já deviam se preocupar, também, em preservar a cidade do excesso de sujeira. Ou seja, a sugestão do #OxeRecife é que essas pessoas deveriam aliar a caridade à educação doméstica e ambiental dessas pessoas, mostrando inclusive a realidade delas. Quanto mais lixo nas ruas, mais insetos, ratazanas, gabirus passeando pelas calçadas. Que tal pedir aos moradores de rua que recebem quentinhas, que joguem restos de comida e embalagens em local adequado?
Quantos grupos desses levam depósitos grandes de lixo ou grandes sacos plásticos para acondicionar a sujeira? Será que a Prefeitura orienta esse pessoal para que eles orientem aos sem teto que deixam a sujeira pelas ruas? Se você passar por locais como as Praças Maciel Pinheiro e Dezessete, vias como a Rua do Imperador e Manoel Borba e até mesmo por algumas pontes vai perceber do que falo. É muita sujeira espalhada pelo asfalto, calçadas, escadarias de igrejas. Até mesmo em dias festivos, a seboseira está à mostra.
No último domingo, estive na Igreja das Fronteiras, para assistir as comemorações dos 116 anos do nascimento de Dom Helder Câmara (1909-1999), Arcebispo Emérito do Recife, defensor dos direitos humanos durante a ditadura, e que está em vias de virar Santo, pois a documentação comprovando milagres por ele realizados encontra-se em análise no Vaticano. A igreja estava cheia, repleta de autoridades – incluindo o Prefeito João Campos – mas os jardins da calçada do templo em que está guardado o acervo do Dom da Paz estavam em situação vergonhosa, conforme vocês podem observar na foto acima. Lixo era o que não faltava no gramado. E o que me impressiona é que essa sujeira está tão banalizada que ninguém repara mais. Nem mesmo as autoridades que deveriam cuidar da limpeza da cidade. Virou normal.
Sinceramente, eu não consigo me habituar com a sujeira como se isso fosse normal. Fico muito triste de ver nossa cidade, tão linda, emporcalhada em todos os lugares. O Recife não merece isso. Até mesmo no centro, a gente vê lixo acumulado por todo canto: Derby, Boa Vista, São José, Santo Antônio, Graças. É fogo não é?
* Parabéns para O Galo da Madrugada, que está se esforçando em 2025 para se mostrar mais sustentável no carnaval. O Bloco cadastra catadores de materiais recicláveis para que atuem durante o desfile do sábado de Zé Pereira. Isso é muito bom. E também para a convocação idealizada por Leopoldo Nóbrega – artista responsável pela confecção da alegoria que fica na Ponte Duarte Coelho – para que as pessoas depositem garrafas plásticas em ecopontos espalhados na cidade. Elas servirão para decorar o Galo Gigante, que terá 34 metros de altura. Vamos colaborar? Quem olha nossos rios, lagos, riachos, canais, sabe da importância de deflagrar-se uma campanha como essa. Por um Recife limpo!
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife
Você tem toda razão, Letícia!Também me incomoda, e muito, a sujeira que tomou conta da cidade.
E parece que está tão normalizada como se fizesse parte da paisagem,um horror!
Acho que as irmãs que fazem a distribuição dos alimentos deveriam atuar também na educação dos assistidos, orientando-os quanto à importância de colocar o lixo nos lugares específicos . Veja que eles fazem as refeições ao lado da Igreja e deixam por lá as ” kentinhas” usadas,espalhadas pelo chão. Condicionar,por exemplo, a distribuição das marmitas à limpeza e recolhimento dos resíduos, colocando- os em sacos plásticos. É preciso alguma iniciativa para inibir essa sujeira que está ficando invisível para os transeuntes e,também, até para o prefeito ao que parece…
Será que o visual do entorno não o incomodou?!?…
Bem a propósito esse tema da sujeira deixada pelos moradores de rua após saborearam as quentinhas. Também fui à missa de Dom Helder e vi a lixarada a céu aberto. Logo lembrei do lixo nas imediações da igreja perto da minha casa. O pároco distribui quentinhas e os beneficiados largam as embalagens vazias na rua. Há algum tempo a igreja contratou uma pessoa para recolher as embalagens, mas sempre sobram algumas, não raro, várias que ficam atraindo mosquitos e enfeiando a rua. Não custa nada a prefeitura e as paróquias que fornecem quentinhas providenciarem uma pessoa para orientar os beneficiados sobre o perigo que representa para eles mesmos as embalagens com restos de alimentos espalhadas nas ruas e calçadas. O problema maior é na região central e sul. Na zona norte onde o prefeito e seus familiares residem, as ruas são limpas e bem cuidadas.