No Dia Mundial da Terra, vamos falar da importância de hortas urbanas e comunitárias no Recife?

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No Dia Mundial da Terra, é bom saber. O Recife está entre as cidades mais vulneráveis do mundo aos efeitos do aquecimento global, enfrenta um horror de árvores derrubadas diariamente (naquilo que chamamos de arboricídios), e possui quase a sua totalidade de rios e canais (ex riachos), transformados em esgotos a céu aberto. Ou seja, como o Planeta Terra, nossa capital também está doente e precisa todos nos cuidemos dela, antes que fique na “UTI”. Aliás, se é que já não está.

Como consequência da especulação imobiliária, da densidade demográfica, da pobreza e do espaço urbano cada vez menor, a insegurança alimentar aumenta. Devido à poluição (inclusive provocada por esgotos domésticos, por omissão do setor público), os rios que cortam a cidade já não possuem a abundância de peixes, crustáceos e moluscos que matavam antes a fome de boa parte da população.  Com a verticalização, somem  pomares de quintais e jardins que respondiam por generosa oferta de frutas como mangas, fruta-pão, jacas, cajus, bananas, mamões e sapotis, que ajudavam no passado a saciar a fome da população.  Algo tem que ser feito, para minorar esses problemas. E a solução passa, claro, pela ampliação da presença verde e pela produção urbana de alimentos.

Hortas estão se tornando cada vez mais comuns nas comunidades e escolas: segurança alimentar e educação

Para falar sobre o assunto, nessa data tão importante, o #OxeRecife  foi ouvir Alexandre Sávio Pereira Ramos, Gerente da Secretaria Executiva de Agricultura Urbana, que explica a importância de hortas comunitárias para uma cidade  tão urbanizada, como a nossa. Vejam o que ele diz, na entrevista abaixo, concedida a esse Blog.

Entrevista: Alexandre Sávio Pereira Ramos 

#OxeRecife – Em 2021, foi lançado o Plano de Agroecologia do Recife, que previa implantação de 180 estruturas de produção na cidade, entre hortas urbanas e pomares. Quantas já estão consumadas?
Alexandre Sávio –  Somando tudo, já estamos com quase 50 por cento da meta, mas para avançar mais seria necessário aumentar a nossa equipe. Estamos captando recursos federais. E hoje tivemos a notícia de que o Programa Federal de Agricultura Urbana será bem reforçado no Ministério de Desenvolvimento Social. Sem falar que o Ministério do Meio Ambiente também vai fortalecer essa pauta, sobretudo com o interesse de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

#OxeRecife –  A prática da compostagem (aproveitamento de lixo orgânico, para fazer adubo) existe em quantos colégios, pois o Plano prevê  a conclusão de 20 em três anos?
Alexandre Sávio – Até dezembro a prática já estava implantada em onze escolas. Esse número foi ampliado ao longo dos quatro primeiros meses de 2023, e estamos nos preparando para alcançar o dobro da quantidade existente

#OxeRecife – Hortas urbanas e comunitárias vêm crescendo em todo o mundo, inclusive em algumas capitais na Europa. Qual importância de disseminação de cultura de hortas em áreas urbanas?
Alexandre Sávio – Vamos aos benefícios: aumento de produção de alimentos frescos e sem agrotóxicos, melhorando a saúde e a segurança alimentar da população; melhora de relações sociais, a partir do trabalho coletivo e trocas; aumento de renda da população produtora; redução da produção de resíduos através da compostagem e aproveitamento integral dos alimentos. Redução da emissão de gases do efeito estufa, devido a todo o processo.

#OxeRecife – Há números sobre a quantidade de hortas no Recife?
Alexandre Sávio – O número é bem maior do que aquele das hortas que a gente acompanha. Há uma emenda parlamentar do deputado Túlio Gadelha, que propicia formação e assistência a várias hortas comunitárias. Há um  projeto do governo de Pernambuco (implantado na gestão anterior), chamado “Horta em todo canto”, que fez pelo menos duas dezenas de hortas em equipamentos estaduais, de escolas a presídios. Há quatro instituições que fazem projetos de quintais produtivos, sendo que o maior deles (do Serta) já conta com 600 quintais produtivos, nas comunidades de Santa Luzia e Alto José do Pinho.

#OxeRecife –  Então, temos hortas em escolas municipais e repartições públicas também?
Alexandre Sávio – Sim. O objetivo da horta escolar é pedagógico, para reforçar as práticas alimentares e a diversidade de alimentos das crianças. Também há hortas terapêuticas, como as dos Caps (centros de atenção psicossocial)

#OxeRecife – Como comunidade deve proceder junto à Prefeitura, em busca de apoio e orientação para criar suas hortas?
Alexandre Sávio – Acessa o site conectarecife. Vai na aba de serviços, meio ambiente e lá se acha o passo a passo para fazer a solicitação. Fazemos cursos de formação com oito módulos, sobre  princípios, planejamento, plantio, colheita.

#OxeRecife –  Porque a atividade não é estimulada em terrenos vazios de comunidades carentes, como aqueles no bairro do Pilar, no Recife Antigo?
Alexandre Sávio –  Não é fácil trabalhar no Recife com o coletivo. Temos exemplo um plantio comunitário, que acabou na colheita da primeira melancia. Todo mundo brigou, reivindicando a propriedade da fruta.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Secretaria Executiva de Agricultura Urbana do Recife/ Divulgação

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