A campanha eleitoral já passou, mas o clima de animosidade está longe de acabar. Hoje, durante minha caminhada matinal, vejam só a frase que fotografei, pichada em um muro de prédio do Exército (em construção), no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife: “Nazista bom é nazista morto”. Como se sabe, foi dessa corporação que veio o atual Presidente da República.
E, como diz o ditado, para bom entendedor meia palavra basta. Ou seja, mesmo sem destinatário explícito, dá para entender a quem o recado se destina. Principalmente pelo local escolhido para colocá-lo. A pichação, aliás, já está lá tem um tempinho. Há pelo menos duas semanas tenho visto a frase no muro do edifício. Mas como só havia passado por lá de carro, e às pressas, não parei antes para observá-la com mais vagar.

Na manhã dessa terça-feira, caminhando sob a chuva, documentei a mensagem. Estranho é que ela ainda não tenha sido encoberta. Já vi outras muito menos comprometedoras, que foram imediatamente apagadas, aqui no Recife. Algumas, sem teor político. Por exemplo, a frase “Parem de derrubar árvores” foi banida de um muro na Rua Dr Seixas, no Poço da Panela. Foi ela, aliás, que serviu de mote para a campanha desencadeada pelo #OxeRecife contra o arboricídio registrado na nossa cidade.
Uma outra frase que sumiu dois dias após ter sido pichada em um muro da Escola Estadual José Vilela foi “Livro para comida, prato para educação”. O protesto, em letras vermelhas e garrafais, ganhou uma mão de cal branca na parede do colégio. E foi rapidinho. Vamos ver até quando ficará pichado que “Nazista bom é nazistas morto”, na parede do edifício do Exército em obras que, aliás, se arrastam há muitos anos e que passaram um tempão paradas. Em anos mais obscuros, frases como essa, colocada onde está colocada, já estaria dando a maior confusão. Mas… vivemos em uma de-mo-cra-cia. Ainda bem. Tanto é assim, que o Brasil escolheu o Presidente pelo voto direto. O Edifício Marechal Castelo Branco, construído com verbas do Governo Federal, deverá sediar o Departamento de Engenharia e Construção da Diretoria de Obras Militares. Não há valores nem prazo de entrega nas placas da obra. Nem informação sobre até quando a incômoda pichação fica lá.
Leia também:
Livro oportuno sobre ditadura (que para presidente eleito “nunca existiu”)
Lição de história sobre ditadura de 1964, no Olha! Recife
Você tem fome de quê? De livros
“Parem de derrubar árvores”
O Recife do #EleSim e do #EleNão
Menino veste azul e menina vesta rosa?
Cantadores: Bolsonaro é a marca do passado
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife