Pensem em um bichinho carismático. Vez por outra, aparece um se locomovendo nos galhos do alto das árvores, aqui no meu bairro, Apipucos. De outras, se pendura na fiação aérea, obrigando os servidores de companhias de distribuidoras de energia a fazerem o resgate. Também são resgatados se arrastando no asfalto de vias movimentadas, onde correm o risco de atropelamento. Frequente em várias regiões da América do Sul – incluindo a nossa Mata Atlântica- o bicho-preguiça pode ser encontrado em vida livre no Parque Estadual de Dois Irmãos (PEDI). No caso, o tipo preguiça-de-garganta-marrom (“Bradypus variegatus”).
Esse animal é conhecido pelo jeito lento, quase pausado, de agir. Porém é um grande nadador, o que chega a surpreender quem observa a espécie na água. Mas parecer ser, também, um grande preguiçoso, claro. Pois passa a maior parte do tempo parado, ou se mexendo vagarosamente, nos galhos das árvores. Mas segundo a bióloga Fernanda Justino, Gerente Técnica do PEDI, embora esses animais cheguem a dormir até doze horas por dia, não pode ser chamado de preguiçosos. “A espécie só tem o metabolismo lento. O nome é bicho-preguiça, não ‘preguiça’. Não é correto a gente falar apenas ‘preguiça’ porque soa pejorativo”, comenta. Ela ainda enfatiza a alta capacidade das preguiças-de-garganta-marrom na natação, além de serem parentes próximos dos tamanduás e dos tatus.
O animal é encontrado em florestas tropicais úmidas. As suas principais características são pelagem marrom acinzentada, pelos mais longos nas patas e nas costas e curtos na altura dos olhos, além de manchas marrons no pescoço (de onde vem um dos seus nomes). Possui três dedos e três garras nos membros pélvicos e torácicos.
As preguiças macho e fêmea se encontram uma vez por ano, atraídos pelo cheiro e vocalizações. Após a copulação, a fêmea passa por uma gravidez de aproximadamente seis meses, gerando um filhote por vez e convivendo com ele por um período que varia entre os seis e os nove meses de idade.
As preguiças são mães dedicadas e podem até arriscar a vida para salvar um filhote. Também mostram à cria o que pode e o que não deve comer na floresta. Até porque a espécie tem uma dieta completamente herbívora, se alimentando de folhas, brotos e ramos, com preferências pela embaúba, árvore alta e com troncos ocos que é conhecida, inclusive, como “árvore da preguiça”. No PEDI há um projeto de proteção e recuperação desses animais, incluindo os que lá estão em vida livre. Há alguns dias, quando estive no local durante minha caminhada diária, me defrontei com esse rapaz da foto central, conduzindo um bicho-preguiça. Ele foi diagnosticado com um abcesso, passou por tratamento, ficou bem e já foi devolvida à natureza. Que seja bem feliz!
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Tarciso Augusto/GCom Semas-PE e Letícia Lins