Tem gente que nem sabe disso. Mas a caatinga é um bioma único no mundo. Ou seja, só existe no Brasil. E enganam-se aqueles que o associam apenas ao mato seco, como se fossem eternas as estiagens. O que acontece é exatamente o contrário. É um sistema resistente, com grande poder de regeneração. Basta uma pequena chuva, e o verde renasce rapidamente. E as flores surgem entre os rochedos e à margem do asfalto das estradas que cortam aquela região. Na quarta-feira, o Sertão pernambucano ganhou mais duas unidades de áreas protegidas que, juntas, somam 22 mil hectares.
As duas unidades de conservação são as Serras Caatingueiras e a Serra do Giz. A primeira fica na divisa entre Salgueiro e Cabrobó (abrangendo parte do Sertão Central e do São Francisco). A segunda, entre Afogados de Ingazeira e Carnaíba (no Sertão do Pajeú). A novidade foi anunciada pelo Governador Paulo Câmara (PSB), em ato realizado no Parque de Dois Irmãos, na Zona Norte de Recife. E assinalou as comemorações pelo Dia Mundial do Meio Ambiente. A medida vai ajudar a garantir a conservação de importantes espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção. As duas novas UCs fazem parte da categoria Refúgio de Vida Silvestre (RVS), que prevê proteção integral do ambiente.
De olho nas mudanças que vêm sendo implementadas em Brasília – que são consideradas um verdadeiro desmonte de todo a política ambiental conquistada anteriormente no Brasil – o socialista reagiu: “Não vamos admitir que retrocessos na área do meio ambiente, ameaças de alteração na legislação, ameaças de posturas e pensamentos cheguem a Pernambuco e atinjam a preservação de nossas reservas e do meio ambiente”. Lembra que o estado vem cobrando os devidos processos de compensação ambiental de projetos industriais implantados em Pernambuco.
As novas UCs fazem parte da categoria de Refúgio de Vida Silvestre (RVS), que prevê a proteção integral do ambiente com o objetivo de assegurar condições de existência ou reprodução de espécies da flora local e da fauna residente e migratória. “Pernambuco tem mais de 90% do seu território suscetível a processos de desertificação por se tratar de áreas de clima semiárido. A preservação dessas UCs no Bioma Caatinga permite que os recursos da compensação ambiental possam ser usados nos cuidados desse conjunto de 22 mil hectares e ajudar a frear os efeitos das mudanças climáticas que tanto afetam essa região”, disse o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação/ Semas PE