Parece até que o rastro do furacão Irma passou por aqui. Ventos de agosto, em pleno setembro. Pela janela, vejo um monte de folhas voando. Não vai dar praia. E mesmo eu não estivesse impedida – cirurgia recente de vista e fratura no dedinho do pé, devido a uma topada – não iria a Boa Viagem hoje. Então, fiz o que um montão de gente fez neste domingo: Cinema do Museu, que funciona na Fundação Joaquim Nabuco, em Casa Forte. Tem coisa melhor? E ainda mais pertinho da minha casa, e baratinho. E o filme programado era um clássico: A um passo da eternidade.
Mas foi a maior frustração. Vou muito ao Cinema do Museu, mas foi a primeira vez que o fiz pela manhã. Pois tinha muita gente. Fiquei surpresa devido à inconveniência do horário. Mas parece que as sessões matinais e dominicais estão pegando mesmo. Aliás, já pegaram. Um tiro certeiro de Ana Farache e Ernesto Barros, que respondem pela direção e programação do cinema da Fundaj. O nome do projeto é sugestivo: Sempre aos Domingos, provavelmente inspirado no clássico do mesmo nome, de 1962, e que se tornou um dos filmes mais emblemáticos do cinema francês. Sempre aos Domingos, o projeto, nos dá direito de assistir bons filmes por R$ 2. E as sessões começam às 10h30m.
Só que neste domingo, não houve sessão. Não por falha da programação. Mas um acidente, devido à ventania. A folha de uma palmeira caiu no gerador que fica nos jardins da Fundaj. E a luz foi para a cucuia. E aí não houve projeção de A um passo da enternidade, outro clássico da cinematografia mundial, só que americano, e datado de 1953. Lembro de minha mãe e as tias falando desse filme, quando eu era criança. E também lembro da cena do beijo na praia, até hoje uma das mais famosas da sétima arte. Segundo o Cinema do Museu nos informou, o filme não sai da programação dominical, mas só entra agora no mês vindouro. Para os próximos finais de semana, estão programados Pinóquio (EUA, 1940), em 17 de setembro. E A Grande Ilusão (França, 1937), a 24 de setembro.
Então, vamos lá. Sem ser incomodado com o barulho insuportável dos trituradores de pipoca que assolam as salas convencionais de cinema, que mastigam os grãos de milho fazendo o mesmo barulho deles estourando na panela. Algumas casas – como os cinemas da Fundaj e o Teatro Santa Isabel – proíbem a repetição desse costume ( copiado dos americanos) nas plateias. Mas em outras salas, as comerciais, ele é até estimulado. “Compre a pipoca melhor do mundo”, anunciam os cinemas. São sacos imensos, com verdadeiros baldes de Coca-Cola que, juntos, jamais caberiam no meu estômago. Mas, infelizmente – ou felizmente, não sei – não como uma coisa nem bebo outra. Devo ser uma das poucas pessoas do mundo que não gosta de pipoca. E que odeia Coca-Cola. Já me chamaram até de sectária, porque a bebida seria “símbolo do imperialismo”. Nada disso. O sabor lembra os xaropes de minha infância. Eca.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife