Assunto que perdura nos livros de história, na nossa arquitetura, em acervo inesgotável de informações para pesquisadores e também no imaginário da população pernambucana (há até lendas urbanas com fantasmas daquela época), a presença dos holandeses em nossas terras volta à ordem do dia. É que o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) inaugura às 19h dessa terça-feira (6/8), a exposição “1654 – 370 anos da Rendição dos Holandeses em Pernambuco: Reflexões Históricas e Contemporâneas”.
Ou seja, a mostra não tem o olho e o pé só no século 17, período em que os flamengos estiveram por aqui. É que propõe um olhar sobre o passado colonial e a Restauração Pernambucana com visões e interpretações atuais. Artistas contemporâneos contribuem com suas obras, trazendo novas perspectivas e questionando narrativas históricas estabelecidas, dando voz àqueles que muitas vezes foram silenciados pela historiografia oficial.
Na abordagem contemporânea, serão mostrados trabalhos de Jeff Alan, Diogum, a jovem grafiteira Nathê e do saudoso Francisco Brennand (1927-2019). Os holandeses ficaram em Pernambuco entre 1630 e 1654. A curadoria é de Dirceu Marroquim, Maria Eduarda Marques e Helena Severo. A expô inaugura para convidados no dia 6 de outubro, abre para o público em 7/8 e se estende até 6 de outubro. Ela é realizada pelo MEPE, em conjunto com Sociedade dos Amigos do Museu (SAMPE), através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura e com o patrocínio do Santander. Diretor do MEPE, Rinaldo Carvalho explica a importância da mostra, sobre período tão turbulento de nossa história, que terminou em 1654 com a retirada dos flamengos.
“O Museu do Estado, como instituição de cultura, história e arte, não poderia deixar de fazer uma reflexão aprofundada sobre o domínio holandês no século 17 e suas repercussões atuais, numa abordagem inclusiva vista por uma nova ótica. Queremos enriquecer o entendimento histórico que marcou o espírito de luta do pernambucano, além de fortalecer a diversidade e a identidade regional. O período foi marcado por diversas batalhas e muitas vidas de indígenas, brancos e negros foram perdidas. Isto nos inspira na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Os curadores relembram que, na noite de 26 de janeiro de 1654, após longas negociações entre os luso-brasileiros e os holandeses da Companhia das Índias Ocidentais, finalmente foi alcançado um acordo que culminou na rendição, com ambas as partes assinando a capitulação. A ocupação holandesa que durou 24 anos, também povoa imaginários e construiu discursos de nação como se pode observar nas coleções de Fotografias, Cartografias , vídeos e textos, que serão expostos para o público.
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Serviço
“1654 – 370 anos da Rendição dos Holandeses em Pernambuco: Reflexões Históricas e Contemporâneas”.
Quando: 06 de agosto de 2024 (inauguração)
Abertura para o público: a partir do dia 07 de agosto, às 19h
Local: Museu do Estado de Pernambuco
Endereço: Av. Rui Barbosa, 960 – Bairro das Graças
Entrada: Gratuita
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e reprodução do acervo do MEPE
Gostei da temática desta exposição. A passagem dos holandeses por Pernambuco deixou muita história no imaginário popular. É tema inesgotável, água que nunca acaba. O pernambucano comum até hoje acredita que se os flamengos não tivessem sido expulsos, Pernambuco hoje seria uma potência. Embora sabendo que não, que o mais provável é que estaríamos em situação pior, as vezes gosto de embarcar no imaginário do nosso povo. E nestes momentos de devaneios, não raro me pego me perguntando, até tu Brutus? Mas voltando a mostra do Museu do Estado, acho que deve ser bem interessante. Irei ver com certeza.