Museu do Estado comemora 90 anos

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Mais um título a ser lançado pela a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe):  Tempo Tríbio – Museu do Estado de Pernambuco – 1930-2020 , que será lançado às 19h do próximo dia 26 de agosto, para celebrar os 90 anos do Museu do Estado. O lançamento ocorre simultaneamente com abertura de exposição, com curadoria do antropólogo Raul Lody e da historiadora Maria Eduarda Marques. A vernissage será só para autoridades e convidados. Mas a partir da sexta (27), a mostra será aberta ao público. O Mepe estava fechado desde o inicio da pandemia, e reabre – agora – em grande estilo. Finalmente, já era tempo…

Com informações inéditas sobre o equipamento cultural e seu acervo, o livro traz uma rica oferta de fotos, com peças que há décadas não eram mostradas ao público, além de uma cronologia dos diretores que já passaram pelo museu, conhecido por representar em seu acervo a multiculturalidade pernambucana.  O livro e a exposição têm o mesmo nome. A mostra inclui artistas do século 19 até os dias atuais. Na foto, uma pintura de Elezier Xavier, artista que conheci pessoalmente quando criança, pois era amigo do meu pai.

Gostava muito de ir à sua casa, que tinha um jambeiro no jardim, cujos frutos eu e minhas irmãs saboreávamos sem  cerimônia. Mas era através das pinturas, que eu fazia grandes “viagens”, fosse através de paisagens  ou de  personagens. Foi na casa dele, por exemplo, que aprendi o que era “natureza morta”, expressão que até então eu desconhecia. Lembro-me, também, de uma  aquarela de um palhaço, de sua autoria, que decorava uma das  paredes da casa onde passei a infância.

“Tempo Tríbio celebra os 90 anos de trajetória do Museu do Estado de Pernambuco fazendo o que é mais importante para uma instituição artística e histórica dessa proporção: a reflexão crítica sobre a sua trajetória e seu acervo, apontando caminhos recentes e visões estéticas e antropológicas diversas. É um livro que olha para o passado e para o contemporâneo a fim de revelar também a riqueza da produção cultural e artística pernambucana ao longo da história”, declara o editor da Cepe, Diogo Guedes, referindo-se ao livro.

A publicação tem textos de Raul Lody, Maria Eduarda e dos historiadores Pablo Lucena e André Soares; e ainda da escritora e jornalista Marileide Alves, e do antropólogo Renato Athias. O livro é organizado pelo jornalista, escritor e crítico Júlio Cavani. Lody explica os significados do Museu e sua importância na educação. “Vê-se o museu como o lugar da legitimação. Se está no museu é bom, ou se está no museu tem importância. Isso faz com que a natureza do museu seja a de um lugar não só de apreciação, mas de um lugar de educação. Deve-se educar patrimonialmente. Ter um entendimento de que um testemunho representado por um utensílio de cozinha traz uma significativa carga de conhecimento histórico, de presença étnica e de função”.

Instalado inicialmente na cúpula do Palácio da Justiça, e inaugurado em 7 de setembro de 1930, o Mepe iniciou seu percurso na vanguarda dos museus da época ao não se concentrar apenas nos artefatos da cultura erudita das classes dominantes, segundo explica a historiadora Maria Eduarda.  “O museu também conservou os objetos oriundos das camadas populares, tradicionalmente excluídos dos museus oficiais de então”, afirma a historiadora.  O livro revela informações valiosas sobre o acervo do Mepe, como  a coleção de 307 peças de cultos afro-brasileiros e a coleção de 54 povos indígenas, composta por 846 peças. Já a exposição com o mesmo título do livro, é dividida em três partes que são linhas temporais, sendo uma política, uma cultural e outra histórica. Destaque para a seção que exibe os diretores que passaram pelo museu e a contribuição de cada um para a formação do acervo. Sem falar nas obras de artistas desde Telles Júnior(1851-1914), primeiro a ser exibido na década de 1930, até Gil Vicente, Lana Bandeira, Paulo Bruscky e contemporâneos como Rodrigo Braga e Lourival Cuquinha, muitos dos quais foram revelados e consagrados pelo Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, promovido pelo Mepe.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Cepe / Divulgação

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