Níneve Caldas é a atriz, apresentadora e produtora teatral. Hilda Torres também atua nos palcos, como atriz e diretora. Mas é também psicóloga. Juntas, e somando experiências de mulheres que se tornaram invisíveis ao longo da história, as duas resolveram montar o espetáculo “Mulheres de Níneve”, monólogo idealizado e encenado por Níneve, porém dirigido por Hilda. E que tem estreia no dia 2 de outubro, no Teatro Hermilo Borba Filho. E que segue depois com outra apresentações em 3 de outubro, como parte da programação do Festival Cena Cumplicidades 2024, no mesmo teatro, sempre às 19h.
O espetáculo traça um importante diálogo entre épocas na expectativa de pavimentar um futuro diferente para a livre existência das mulheres. A mulher que questiona, que se junta a outras, que busca seus próprios caminhos e com isso vai trilhando sua própria trajetória. As primeiras sementes para a montagem do espetáculo surgiram a partir da experiência de Níneve como Maria Madalena, no espetáculo “Paixão de Cristo”, na Nova Jerusalém, no Agreste de Pernambuco. Ao pesquisar para a personagem, ela percebeu que “Madalena era mais uma mulher que teve sua história apagada, reforçando a lógica machista, misógina e preconceituosa que ela e tantas outras mulheres foram inseridas sumariamente pela estrutura”. A partir daí, ela passou a questionar a invisibilidade de muitas mulheres ao longo da história. E e a questionar a sua própria história, enquanto mulher.
Mas por que Mulheres de Nínive? Além da relação evidente com o nome da atriz e idealizadora do espetáculo, Nínive também foi uma cidade histórica, famosa tanto nos ciclos bíblicos, quanto pagãos. Foi a capital da Assíria, na antiga Mesopotâmia, berço dos famosos jardins suspensos da Babilônia, onde hoje localiza-se o Iraque. Na Bíblia, a cidade a qual Deus mandou o profeta Jonas para salvar o povo de seus pecados, mas por se recusar, foi engolido por um grande peixe. Já na Cabala, é símbolo de força remetida ao início dos tempos, bem Antes de Cristo. Nesse contexto, conta-se que a primeira mulher a se destacar foi Semíramis, que passou a ser reconhecida como uma grande guerreira e arqueira, que lutava ao lado dos homens e se destacava nas caçadas.
Ela herdou a tradição da rainha de Sabá, guardiã do sagrado feminino ensinados por Eva. Foi também em Nínive, que aconteceu um dos episódios mais violentos de apagamento feminino que se tem conhecimento aconteceu, em um verdadeiro massacre físico e cultural. Ao se tornar um grande centro místico que reunia pessoas até mesmo de grandes distâncias, dirigido e administrado pelas Eufames, passou-se a perseguir e posteriormente matar essas mulheres, gerando um grande massacre ocorrido na cidade. Poucas delas sobreviveram e, essas, fugiram para tentar salvar suas vidas e famílias. As histórias das Madalenas, Nínives, Semíramis e tantas outras mulheres se misturam nesse enredo que é completamente atemporal.
A julgar pelas fotografias do espetáculo, o cenário, sozinho, já provoca impacto. Ele traz uma grande saia no centro do palco, representando o mar, os oceanos e as águas que nos ligam. Na obra, tudo é trabalhado com muita simbologia, a partir da ressonância entre a encenação e a atuação, ou seja, entre a atriz e a diretora. A partir daí, a equipe foi ganhando corpo com a preparação corporal de Lili Rocha. E de trilha sonora composta também a partir das vivências do processo pelas musicistas e compositoras Nana Milet e Ana Paula Marinho. E ainda: desenho de luz desenvolvido pela iluminadora Natalie Revorêdo; e o figurino criado pela estilista Xuruca Pacheco, o stylist Marcelo Mendes, a atriz Fabiana Pirro e a diretora, Hilda Torres.
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SERVIÇO
Estreia do espetáculo de teatro Mulheres de Nínive na programação do festival Cena Cumplicidades 2024
Datas: 02 e 03 de outubro
Horário: 19h
Local: Teatro Hermilo Borba Filho (Bairro do Recife-PE)
Faixa etária: 16 anos
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) no link do Sympla https://www.sympla.com.br/produtor/cenacumplicidades
