Mulheres à luta: #EuVotoEmNegra

Quase dez instituições – do Brasil e de outros países da América Latina –  se juntaram para  a campanha @euvotoemnegra, que será deflagrada com twittaço a partir das 11h da quinta-feira (23/7). A campanha, que usa a hastag #EuVotoEmNegra, é uma iniciativa do Projeto Mulheres Negras e Democracia. E contará, também, com live de lançamento, às 16h da quinta, pelo instagram  @euvotoemnegra. A campanha assinala  o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho.

A campanha é uma iniciativa do Projeto Mulheres Negras e Democracia, que funciona no Recife. Mas a realização é da Casa da Mulher do Nordeste (CMN), Centro das Mulheres do Cabo (CMC) e Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE).  Conta com parceria da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Enegrecer a política, e Meu Voto será Feminista. E tem apoio do Fundo de Mujeres Del Sur,  fundação que promove os direitos das Mulheres e pessoas LGBTQI+ na Argentina, Uruguai e Paraguai.  O Projeto Mulheres Negras e Democracia  tem o objetivo de fortalecer mulheres negras rurais e das periferias urbanas.

Segundo o Mapa Mulheres na Política 2019, um relatório da Organização das Nações Unidas e da União Interparlamentar, no ranking de representatividade feminina no Parlamento, o Brasil ocupa a posição 134ª entre 193 países pesquisados, com 15% de participação de mulheres. São 77 deputadas em um total de 513 cadeiras na Câmara, e somente 12 senadoras entre os 81 eleitos. Já no ranking de representatividade feminina no governo, o Brasil ocupa apenas a posição 149ª em um total de 188 países. O atual governo tem somente 9% de representatividade feminina, com apenas duas mulheres entre os 22 ministros. A média mundial é de 20,7%. E, no Brasil, não há nenhuma ministra negra.

Agora, a população de mulheres negras está de olho nas próximas eleições municipais.  “Esse é um momento importante para os partidos mostrarem se são antirracistas ou não. Apoiar candidaturas de mulheres negras significa representatividade da maioria da população brasileira. E a campanha vem para estimular a sociedade a refletir sobre a necessidade de uma maior representatividade nos espaços de decisão de nosso país”, afirma Piedade Marques.

Piedade é da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco. De acordo com dados do TRE-PE, Pernambuco tem 26 prefeitas, 260 vereadoras, 10 deputadas estaduais, 1 deputada federal e 1 vice-governadora. A participação feminina é tímida no resultado geral – foram eleitas 5% das quase seis mil que se candidataram aos diferentes cargos no Estado.  E de negras, menor ainda. No último dia 30 de junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) colocou em pauta a discussão e, posteriormente, a votação sobre a distribuição proporcional do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e do tempo de propaganda eleitoral para candidatos negros. Importante discussão visto que na última eleição da Câmara dos Deputados, de acordo com dados do estudo da FGV Direito, as mulheres negras eram 12,9% das candidatas e receberam 6,7% do dinheiro dos partidos destinados à campanhas, enquanto que os homens brancos eram 43,1% dos candidatos e receberam 58,5% do dinheiro dos partidos destinados à campanhas. Se for aprovado, isso vai fazer com que os partidos sejam obrigados a distribuir de forma mais igualitária os seus recursos.

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Serviço:
O quê: lançamento da campanha “
Eu Voto em Negra”
Quando: Quinta-feira, 23 de julho
Horário:
Twitaço às 11h e Live às 16h
Onde: Facebook, Twitter e Instagram: @euvotoemnegra

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Emanuele Castro / Divulgação/ Casa da Mulher do Nordeste

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