Uns tiram, outros colocam. Mais de cem pessoas participaram, no final de semana, de um plantio solidário em Moreno, na Região Metropolitana. O objetivo: recuperar parte da mata ciliar do Rio Várzea do Una e em uma de suas nascentes, fincando lá 300 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica. O mutirão aconteceu no Assentamento Che Guevara, que é do MST, e fica na área rural daquele município, localizado a 28 quilômetros do Recife. A ação contou com apoio de moradores da localidade, voluntários do Recife e cidades vizinhas, e ainda colaboradores dopróprio Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Sem Terra (MST).
As plantas foram doadas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PE), claro. Porque em um assentamento com o nome do revolucionário que fez história em Cuba, é provável que jamais venha ajuda do governo federal. As plantinhas vieram da sementeira do Parque Estadual de Dois Irmãos (Pedi),que fica no Recife. Os berçários foram abertos num perímetro de 1,8 quilômetros, nas duas margens do corpo d’água e ao redor de uma nascente. O local recebeu exemplares de Angico, Jenipapo, Tapiá, Ipê Amarelo e Roxo. As plantas foram distribuídas respeitando as características das espécies e de forma ainda a possibilitar a criação de lavouras entre elas. Tudo dentro dos preceitos das chamadas agroflorestas.

“Tudo o que fazemos depende dos recursos naturais e se a gente não preservar, um dia pode acabar. Temos que ter essa consciência. Por isso, é tão importante o que está sendo feito aqui neste assentamento: reconstituir a mata ciliar do Rio Várzea do Una”, afirma afirma o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, que acompanhou o plantio. A ação foi organizada pelo MST e pela Arquidiocese de Recife e Olinda. “O Governo de Pernambuco acredita e apoia este tipo de ação. E mais importante do que a muda doada é o que o MST consegue fazer no Brasil, assegurando a terra para as pessoas produzirem e reforçando os cuidados com a natureza. Esse trabalho vai frutificar”, completou Bertotti.
O plantio às margens do Várzea do Una não é uma ação isolada. Integra o Plano Nacional do MST Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, que tem como meta ampliar o verde com cerca de 100 milhões de novas árvores em todo país, num prazo de 10 anos. “Dentro do programa emergencial de reforma agrária popular, está a ideia de plantar 100 milhões de árvores. E, é preciso começar, pois 10 anos é muito rápido. Preparar a coleta de sementes, os viveiros e depois o espaço para plantio. Recuperar as nascentes e plantar árvore nativa é para todos os locais, do litoral ao sertão”, ressalta Jaime Amorim, integrante da Direção Nacional do MST. Amorim também defendeu que a reforma agrária precisa estar associada ao cuidado com a natureza e um modo de produção mais sustentável. Ação louvável. Se o governo federal não cuida de nossas natureza, a sociedade civil – via movimentos sociais – tenta fazer o dever de casa, preservando ou recompondo nossas matas. Foram plantadas 100 mudas de Annona montana (Araticum Cagão), 50 mudas de Alchornea glandulosa (Tapiá), 50 mudas de Anadenanthera colubrina ( Angico), 50 mudas de Genipa americana (Jenipapo), 25 mudas de Handroanthus impetiginosu (Ipê roxo), 25 mudas de Handroanthus albus (Ipê amarelo).
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Lu Rocha / Semas-PE / Divulgação