Montagem sobre Branca Dias é encenada na Sinagoga Kahal Zur Israel

Compartilhe nas redes sociais…

Nos últimos meses tenho visto muitas informações incorretas sobre Branca Dias, uma das personagens mais lendárias da história de Pernambuco e que, ainda hoje, é muito lembrada. Recentemente em uma entrevista coletiva e há poucos dias em postagens no Instagram, várias pessoas se referem, por exemplo, ao chalé atualmente em ruínas ao lado do Açude do Prata, como sendo a casa onde a judia residiu. Nada mais falso. O chalé que  fica no Parque Estadual de Dois Irmãos  e está quase desabando – devido à inércia de nossas autoridades – foi erguido pela Companhia Beberibe no século 19, enquanto Branca Dias viveu na região no século 16.

Quem quiser conhecer mais sobre figura feminina tão interessante,  tem uma oportunidade imperdível, neste final de semana. E totalmente no clima. É que a peça “Senhora de Engenho, entre a Cruz e a Torá”, vai ser encenada pela primeira vez  em uma sinagoga. No caso, a Kahal Zur Israel,  que vem a ser a primeira das Américas e que fica na Rua do Bom Jesus, no bairro do Recife.

Já assisti “Senhora de Engenho – entre a Cruz e a Torá” duas vezes. A primeira  foi no Teatro Marco Camarotti, no bairro de Santo Amaro. A segunda oportunidade, no entanto, teve um clima mais interessante. É que a encenação foi no casarão de Maria Anita Amazonas Mac Dowell,  que fica no alto de uma colina no antigo Engenho Camaragibe, em terras do qual Branca Dias realmente viveu com sua família. Na Kahal Zur Israel, a encenação deve ser bem interessante, pois o imóvel tem tudo a ver com a história da judaísmo no Estado.

Branca Dias fugiu da perseguição do Santo Ofício em Portugal para reencontrar a família no Brasil, onde descobre que o marido tem uma amante e uma filha “bastarda” ( o adjetivo usado na época) ao chegar na colônia, na qual enfrenta a Inquisição como havia acontecido em sua terra Natal. No engenho, ela se disfarça de cristã, colocando a cruz na casa grande, mas no seu interior as orações eram com a Torá. A saga, no entanto, não para aí. No imenso engenho da família, vê a propriedade ser atacada e incendiada por indígenas,  a falência dos negócios e ainda enfrenta a viuvez. Com orientação do amigo e poeta Bento Teixeira, implanta a primeira escola dirigida por mulher no Estado, onde cobra mensalidades para financiar a recuperação do engenho. O resto da história, todo mundo sabe inclusive sobre as pratarias que ela jogou no lago  que fica no interior do Parque Estadual Dois  Irmãos, e que passou a ser chamado de Açude do Prata devido ao fato.

Encenada pela Companhia  Teatral de Camaragibe, pela primeira vez em 2012, a montagem está no Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, com apresentações sábado (18), às 19h. E no e domingo (19), às 18h, na Sinagoga Kahal Zur Israel.  É a primeira vez que a Sinagoga entra no circuito do Festival. O texto  é de Miriam Halfim (baseado em fatos históricos), e contou com assessoria de Tânia Kauffman e Suzana Veiga, duas especialistas em histórica judaica. A direção do espetáculo é de Emanuel David D’ Lucard, e a Cia conta com apoio da Fundação de Cultura de Camaragibe.  A encenação computa um total de 118 apresentações no Recife, interior, outros estados e até no Chile.

Leia também
Recife Assombrado 2: a maldição de Branca Dias. Começam gravações do filme
Peça sobre Branca Dias é encenada em terras do antigo Engenho Camaragibe
Branca Dias inaugura cineteatro
Branca Dias deve “retornar” a Portugal
Branca Dias retorna ao local que viveu
Branca Dias  revive no palco
Senhora de Engenho entre a Cruz e a Torá: de Camaragibe ao Rio de Janeiro
Entre a Torá, o corno e o marido traidor
Do século 16 ao 21, no mesmo cenário
Apresentações gratuitas sobre lendária Branca Dias na Região Metropolitana
Saga de Branca Dias volta ao palco
Entre a Cruz e a Torá no Agreste
Branca Dias se despede dos palcos
Conheça melhor a lendária Branca Dias
Branca Dias está de volta aos palcos
Zoo Noturno Mal Assombrado. Ui, ui
Mistérios do além com Branca Dias

Casarão do Açude do Prata perto da restauração

Chalé do Prata começa a desabar
Vai sair reforma do Chalé do Prata
 A mulher empoderada do século 17
Tejucupapo revive batalha do século 17
Janeiro de Grandes Espetáculos 2025
Janeiro de Grandes Espetáculos homenageia o Vivencial Diversiones
Livro retrata ousadia do Vivencial
Pernalonga tem biografia
Imperdível, com certeza, opereta liderada pelo Véio Mangaba
Janeiro de Grandes Espetáculos: Querida Gina
Janeiro de Grandes Espetáculos tem oficina “Recontando histórias”
Janeiro de Grandes Espetáculos tem “Capiba pelas ruas eu vou”

Serviço
Janeiro de Grandes Espetáculos
Peça: Senhora de Engenho entre a Cruz e a Torá 
Onde: Sinagoga  Kahal Zur Israel
Endereço: Rua do Bom Jesus, 197, Bairro do Recife
Quando: sábado (18/1) e domingo (19/1)
Horários: 19h e 18h respectivamente
Ingressos: Sympla
Preços: R$ 40 e R$ 80
Informações: (81) 995364746

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife

2 comments

  1. Grande mulher, Branca Dias. As vezes que esse espetáculo foi encenado não pude assistir. Com toda certeza desta vez não perderei. Branca foi talvez a judia mais brava que viveu em Pernambuco de que se tem notícia; juntamente com Ana Paes, outra mulher de grande valor, esta, pernambucana de raiz. Identifico-me demais com as duas. Ambas não eram politicamente corretas, daí a razão da minha identificação. Reforçando o que foi dito pela jornalista, a encenação na sinagoga deve ter um tom especial. Ótimos os novos detalhes (esclarecimentos) sobre Branca que seu texto trouxe, Letícia. Obrigada!

  2. Não tive a oportunidade de assistir as outras encenações,estarei presente ,pois é a história de uma mulher fascinante e que terá um cenário muito especial que irá proporcionar uma performance centrada nas suas origens judaicas .

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.