Militante do PT agredido em Boa Viagem no Dia do Trabalhador

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Infelizmente, a intolerância, o radicalismo e a violência não desaparecem do cenário político nacional. A extrema direita, que chama de “esquerdopatas” todos aqueles que não concordam como governo do Capitão, permanece defendendo o uso das armas, afirma que se Jair Bolsonaro for afastado do governo o país terá uma “guerra civil” e o noticiário sempre dá conta de agressões para quem não reza pela cartilha do governo e seus acetas.

O dia 1 de maio foi marcado no Recife por duas manifestações. Uma volumosa carreata tomou conta das ruas  pró Bozó. E no centro da cidade, movimentos sociais – inclusive o MST – faziam a distribuição de 20 toneladas de alimentos, além de protestar contra o negacionismo, a má condução oficial da crise sanitária, a escassez de imunizantes contra a Covid-19 e a fome provocada pela pandemia com uma frase pintada no asfalto: “Vacina no braço, comida no prato”.

Mas nem tudo foi paz no dia do Trabalho. No sábado, o cidadão Lucimauro Oliveira (foto maior) caminhava pelo calçadão de Boa Viagem, quando a carreata verde e amarela tomou a avenida. Foi agredido porque usava uma camiseta vermelha com a inscrição Lula Livre. “ Covardemente fui surpreendido  por um indivíduo que desceu de um carro e já foi me esmurrando do nada”, relata nas redes sociais. “Rolei com ele no chão e os outros covardes aproveitaram para me espancar”, conta. “Quebraram meus óculos, tentaram quebrar meu braço e tive várias escoriações pelo corpo”. A bancada do PT na Câmara Municipal distribuiu uma nota de solidariedade à vítima, e denunciando as arbitrariedades contra quem não se posiciona a favor do Bozó, o aprendiz de ditador.

No caso de Boa Viagem nem precisava disso. Porque a carreata foi grande e mostrou que a direita está organizada (foto abaixo). Mas os extremistas sempre querem mais. E não toleram quem é do contra. Não toleram nem mesmo o livre exercício de expressão, mas vivem apoiando aqueles que disseminam a ideologia do ódio. No último domingo, apoiadores de Bolsonaro  fez agressões verbais contra jornalistas, em Brasília. E um dos seus seguranças teria apontado uma arma para uma repórter da CNN.  “Os vereadores petistas na Câmara Municipal  repudiam o ato de violência cometido contra o militante petista, mais um entre tantos praticados por bolsonaristas, fruto do ódio disseminado pelo Presidente da República e seu rebanho”. Os  vereadores pedem que os agressores sejam identificados e punidos, atribuem o ato ao “clima de desespero face o resgate dos direitos políticos de Lula”, e acusam. “É lamentável o clima de intolerância hoje existente no país e que seguidores de um presidente genocida, responsável por mais de 400 mil mortes decorrentes de sua inoperância no combate à pandemia da Covid-19, ajam dessa forma por discordâncias políticas”.

Não é a primeira vez nem será a última que militantes de outros partidos de oposição a Bolsonaro e até cidadãos comuns no exercício de suas funções – como os jornalistas – são agredidos pelos extremistas de direita, uma tendência que pode aumentar com a aproximação das eleições presidenciais do próximo ano e também com o estímulo disseminado pelo Gabinete do Ódio nas redes sociais, nas quais a população é praticamente convocada para uma “guerra civil”, no caso do Bozó ser afastado (como vocês podem observar na foto acima, disseminada pelos seguidores de Bozó Com a instalação da CPI da Pandemia e as últimas decisões do STF, o ódio só faz crescer.

Diariamente, vejo nas redes sociais manifestações de seguidores do Presidente se manifestando contra as instituições comuns ao regime democrático e até mesmo contra conquistas do brasileiro, como é o caso do voto informatizado. O modelo eleitoral do Brasil é respeitado em todo o mundo, elogiado por órgãos internacionais pela eficiência e rapidez. Mas o movimento dos bolsonaristas, no 1 de maio, tinha como um dos motes o retorno do voto impresso. Querem o retorno da cédula de papel, aquela que – no passado – e nos tempos do coronelismo tinha função definida e nome adequado: o voto de cabresto.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: redes sociais

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