Michele Collins entre a mobilização dos terreiros e o Ministério Público

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Depois de ser acusada de racismo e intolerância religiosa, a vereadora Michele Collins (PP) vai ter que se explicar ao Ministério Público de Pernambuco. O Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania, Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Westei Conde, instaurou inquérito civil para apurar a polêmica conduta da missionária, ao ofender um dos orixás mais celebrados pelas religiões de matriz africana: Yemanjá.

No início de fevereiro, em noite de intercessão “orando por Pernambuco e pelo Brasil”, ela fez pregação “chamando e quebrando toda a maldição de Yemanjá lançada contra nossa terra”. O texto chegou a ser publicado em suas redes sociais, despertando uma série de protestos entre as comunidades adeptas de religiões como a umbanda e o candomblé. Yemanjá é celebrada no dia 2 de fevereiro, e – em Pernambuco – muito lembrada também a 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, tão cultuada pela Igreja Católica. E que, no sincretismo religioso, corresponde a Yemanjá.

Faixas como estas foram vistas entre maracatus e afoxés, no Recife Antigo: protesto de credos de origem afro.

O seu discurso também provocou nota irada do Coletivo de Juristas Negras de Pernambuco. E motivou protestos na semana pré-carnavalesca, em desfile de maracatus de baque virado, no bairro do Recife.  O Promotor instaurou inquérito civil, procedimento publicado no Diário Oficial do último dia 10. Além da vereadora, ele está chamando para depor representantes da Igreja Família 61 (onde houve a intercessão) , assim como  entidades que se sentiram ofendidas, como o Terreiro Azé Axé Asé Orisànlá Tàlábi, que fica em Paulista.

O terreiro  divulgou nota repudiando a iniciativa de Michele, publicação que classificou de “propagação de racismo,  ódio e desrespeito às tradições de matriz africana e suas divindades”. A vereadora já retirou as ofensas de suas redes sociais. Difícil é explicar como uma pessoa que não respeita a liberdade de crenças é escolhida para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal.  Afinal, que País , que Recife é este? Somos ou não um país laico? Sinceramente, penso que os vereadores e o povo deveriam rediscutir a formação da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores do Recife.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ Quilombo Malunguinho

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