Mediadores de leitura são pontos de luz

Neste Brasil, cujas autoridades têm mostrado um verdadeiro desapego à cultura, é sempre bom saber que tem gente se mexendo nos estados, nos municípios, fazendo o setor se movimentar, usando a cultura para a formação da cidadania. E a leitura é uma ferramenta poderosa. Para discutir a importância do contador de história como um grande incentivador do gosto de ler, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e a Secretaria de Cultura de Pernambuco (via Fundarpe) promovem hoje  live sobre o tema Mediação de Leitura: os agentes, os leitores e as palavras, dentro da série de encontros Conexões Literárias. A live será às 19h dessa terça-feira (20/4) nos canais da Cepe Editora e da Secult/ Fundarpe.  A mediação é do coordenador de Literatura da Secult, Roberto Azoubel.

Participam do bate-papo o músico, poeta, escritor e contador de histórias, Alexandre Revoredo; a formadora e também mediadora Carmem Lúcia Bandeira; e a escritora e integrante do Conselho Editorial da Cepe, Maria Alice Amorim; e ainda o educador social e mediador de leitura da Biblioteca Comunitária de Comportas, em Jaboatão dos Guararapes, Muriel Prado. O encontro será uma conversa descontraída sobre o universo literário. A ideia é trocar impressões sobre a importância do contador de histórias como incentivador do gosto de ler, o que leva ao exercício da cidadania, fortalecimento da autoestima e construção da identidade cultural.

Para Maria Alice Amorim, os mediadores de leitura “são pontos de luz”, e incentivam o amor aos livros e a cidadania.

Autor do livro infantil Dianimal (2018, Cepe Editora), Alexandre Revoredo diz que começou a contar histórias quando lançou seu livro. “Comecei a circular e criar histórias sobre o livro, unindo a música com a poesia”, diz o escritor, que hoje também ensina musicalização infantil em sala de aula. Para Alexandre, um bom contador ou mediador de leitura é aquele que consegue trazer o leitor para dentro da história, sem esquecer sua responsabilidade social. “Muita gente chega e diz que não gostava de literatura, mas se interessa por aquela história contada oralmente. Há pessoas que colocam a literatura  em um pedestal onde não conseguem chegar, não se sentem fazendo parte daquele universo. Mas a literatura são as nossas histórias”, diz.

“Poucas coisas que foram escritas não são representação do real ou metáfora da realidade”, declara o escritor, emendando que atualmente é a realidade que está superando a ficção, tamanha a quantidade de coisas absurdas que estão acontecendo. “Vivemos em um mundo alienado e conseguimos, através da literatura, propor reflexões”, pontua. Segundo Maria Alice, “mediadores de leitura são pontos de luz”. Ela mostra a importância  dos contadores de história: “As atividades de leitura, a circulação de livros, o estímulo a frequentar bibliotecas, tudo é exercício de cidadania, do direito à autoestima, da defesa das identidades culturais”.

Para Alice, “os mediadores de leitura emprestam a própria voz a poetas, personagens, narradores, autores”. E explica: “Os mediadores são protagonistas na democratização da leitura e do acesso aos livros. É uma ação estruturante de amor às bibliotecas e de transformação”. Em 2011, Alice participou do projeto A gente da palavra (2011), da Secult/PE, que capacitou jovens de comunidades carentes de vários municípios do Estado para se tornarem mediadores. O projeto teve apoio da Cepe. Também integrante do projeto da Secult/PE e mediadora de leitura, Carmem Lúcia Bandeira enxerga os mediadores de leitura como “herdeiros atuais, naturais e legítimos de Paulo Freire”.

Lembra que “eles emergiram na maior parte dos estados do Brasil, como alma do movimento das bibliotecas comunitárias e estão muito ligados à luta pelas bibliotecas por entenderem que esses equipamentos são essenciais para a democratização da leitura, para o êxito de uma política pública de leitura”, declara Carmem, que atua como formadora do Centro de Estudos em Educação e Linguagem da UFPE.  “A literatura ajuda na formação do sujeito crítico na nossa sociedade”, resume o educador social e mediador de leitura da Biblioteca Comunitária de Comportas – Heleno Veríssimo, em Jaboatão dos Guararapes, Muriel Prado. Ele foi um dos capacitados no projeto Amigos da palavra. “Aprendi a importância da entonação de voz, da apresentação das ilustrações de um livro, da capa, da leitura pausada”, conta.

Nos links abaixo, outras informações sobre livros e contadores de história

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Cepe / Divulgação

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