Mata Atlântica vai ganhar 30 mil mudas

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Pena que não seja em Pernambuco que, felizmente, começa também a tentar fazer a sua parte, repovoando biomas  ameaçados, como a Mata Atlântica e a Caatinga. Fico feliz, quando recebo aqui no #OxeRecife informações de iniciativas em defesa do nosso patrimônio verde, venham de onde vier. A última nos chega é do Legado das Águas, a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, localizada no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. É que Legado das Águas não  apenas responde pela conservação de 31 mil hectares de seu território, como também atua em conservação e recuperação de áreas vizinhas, remanescentes de Mata Atlântica.  No momento, dá início à recomposição desse bioma no Parque Estadual do Jurupará, onde pretende implantar 30 mil mudas de 60 espécies nativas.

A iniciativa integra projeto de reflorestamento no Parque, localizado em Ibiúna, também no interior paulista.  O município fica a 72 quilômetros da capital de São Paulo.  O Parque tem 26 mil hectares e é administrado pela Fundação para Conservação e Produção Florestal daquele Estado. No Jurupará, há grandes áreas que necessitam de restauração florestal. Em parceria com a Iniciativa Verde (The Green Initiative, organização direcionada para a restauração florestal, o combate às mudanças climáticas e o desenvolvimento rural sustentável), o Legado dá início ao projeto de recuperação de uma área de aproximadamente 164 hectares do Jurupará. Nessa área, há fragmentos de até 19 hectares (o equivalente a 19 campos de futebol) totalmente pelados e que precisam ser restauradas, além de pontos que irão receber enriquecimento com a plantação de espécies nativas.

O projeto de reflorestamento no Parque Jurupará faz parte do Programa Nascentes, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do Estado de São Paulo, que tem como meta otimizar investimentos públicos e privados para o cumprimento de obrigações legais de compensação de emissões de carbono, redução da pegada hídrica ou para a implantação de projetos voluntários de restauração.  No mundo, são muitos os exemplos dos benefícios de áreas reflorestadas.  Inclusive no Brasil, com a volta da fauna e de nascentes que tinham sumido com o desmatamento.   A ação terá duração total de quatro anos. No mês de março, o Legado já  havia realizado ação no Jurupará, em parceria com a empresa Nexway Eficiência (companhia do Grupo COMERC dedicada a projetos de eficiência energética). Na ocasião, foram plantadas 1 mil mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, produzidas no próprio Legado.

A Reserva possui um núcleo de produção de espécies vegetais, o Centro de Biodiversidade. “Proporcionar a recomposição de áreas degradadas requer alguns cuidados, como a análise do entorno e a especificação da vegetação original do local, conhecida como bioma”, explica Maria Angélica Szymanski de Toledo, coordenadora do Centro de Biodiversidade do Legado e responsável técnica pelo projeto de reflorestamento do Jurupará. “Nossa equipe buscou, em nosso Centro de Biodiversidade, as espécies ideais para iniciar a recuperação da área, mantendo as características da vegetação”.  As árvores plantadas crescem, sombreiam o solo e o preparam para germinação de outras espécies.

As árvores plantadas  também incentivam a visitação de animais, que, por sua vez, contribuem com a distribuição de sementes e, consequentemente, com mais diversidade para floresta. “A expectativa, no médio prazo, é que árvores maiores possam crescer e serem avistadas no local e, a longo prazo, a continuidade do ciclo, com novas mudas crescendo à sombra dessas árvores”, afirma Maria Angélica. Antes do plantio, a área recebeu todos os cuidados de limpeza, capinagem, adubação e preparo dos berços nos quais as árvores foram colocadas.  A partir dessa iniciativa, espera-se a recomposição da floresta no local e o retorno da conectividade das áreas florestadas dentro do parque, o que ajuda no aumento da biodiversidade e na conservação do bioma Mata Atlântica como um todo. Considerando os critérios de compensação de carbono, calcula-se a absorção de 176 quilos de carbono por árvore, em média, na Mata Atlântica. Assim, essa ação vai resultar na absorção de um total de 17,5 toneladas carbono, em um período de 20 anos, segundo cálculos do Legado. Será realizada uma segunda fase dessa ação, com o plantio de mais mudas.

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Serviço
O quê: Reflorestamento no Parque Estadual do Jurupará
Onde: Ibiúna, São Paulo

Parque Estadual do Jurupará: 26 mil hectares
Área que receberá vegetação restaurada: aproximadamente 164 hectares
Área do projeto piloto: 3,3 hectares (33.000 m²)
Quantidade de mudas plantadas no projeto piloto: 5.300
Quantidade total de mudas do projeto de reflorestamento: cerca de 30 mil mudas
Número de espécies de plantas que serão utilizadas: aproximadamente 60 espécies.
Metodologias que serão usadas: plantio direto de mudas, semeadura de plantas nativas, adubação verde, condução de regeneração, manejo de espécies vegetais exóticas invasoras e enriquecimento da floresta onde estão as espécies exóticas
Prazo para conclusão do projeto: 4 anos.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Legado das Águas, Grupo Votorantim

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