Tido como o bioma mais ameaçado do Brasil – restam menos de dez por cento da vegetação original – a Mata Atlântica já conta, pelo menos, com seis municípios pernambucanos que criaram seus planos municipais para conservação e recuperação desse patrimônio verde, que começou a ser degradado pelos colonizadores, já no século 16. E que continua sofrendo, ainda hoje, o impacto provocado pelo avanço de indústrias, condomínios, ocupações irregulares, abertura de estradas, pela especulação imobiliária. É só dar uma voltinha no Grande Recife – principalmente em Paulista e na Capital – para se ter dimensão da bagaceira.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade e a Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh), Bonito, Glória de Goitá, Carpina, Paudalho, Vicência e Timbaúba, já contam, cada qual, com seu Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. O Pmma é uma exigência da Lei 11.428/ 2006, que dispõe sobre utilização e proteção da vegetação nativa daquele importante e tão castigado bioma. Timbaúba lançou o seu plano nesta semana, em cerimônia na Câmara Municipal.
E tinha que lançar mesmo. De acordo com diagnóstico efetuado em estudos para definir as intervenções necessárias, só restam 19,73 por cento da vegetação nativa do município. Timbaúba fica a 98 quilômetros do Recife, em região marcada durante muito tempo pela monocultura da cana de açúcar, uma das atividades responsáveis pela destruição da Mata Atlântica. “O documento vai auxiliar as tomadas de decisão do poder público municipal, e também será um instrumento voltado para a educação ambiental”, disse Jennifer Berlamino, da Unidade Integrada de Gestão Ambiental (Uiga), de Carpina.
Ela participou da cerimônia de lançamento do Pmma de Timbaúba. Só aquele Pmma demandou nove meses de planejamento. A situação, em alguns municípios, é mais crítica do que em Timbaúba. Em Carpina, por exemplo, só restam 403 hectares de Mata Atlântica, 2,7 por cento da área nativa. Em compensação, Paudalho ainda conta com 5.607 hectares, 20 por cento da mata original. Agora, é ter o maior cuidado, para que a motosserra insana não faça por lá o mesmo estrago que anda fazendo nas ruas do Recife, onde as árvores vêm se transformando em vítimas de arboricídio.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Júlio Melo e Maurício Sobrinho/Divulgação/Cprh