Eu estava caminhando em outubro do ano passado, quando me defrontei com uma pessoa carregando uma caixa de papelão cheia de furinhos. Desconfiei que ali dentro havia um bichinho escondido. Provavelmente um passarinho, diante da sina de uma gaiola. Estava enganada. O cidadão era Marcos Ferreira de Lima, que estava a caminho da Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh), onde ia entregar um anum preto, para posterior reintrodução à natureza.
O anum havia sido encontrado no quintal de Marcos, que reside no bairro da Macaxeira, onde restam fragmentos de Mata Atlântica. Ele tentou alimentar o pássaro, mas a ave, ainda criança, travou o bico. Temendo que o passarinho morresse, levou a quem de direito.O anum foi para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas Tangara) para posterior reintrodução à natureza. Menos de um mês depois, Marcos voltou à Cprh, dessa vez com um filhote de rolinha que caiu do ninho no seu quintal.
Aqui pela Zona Norte acontece muito. Nesta semana mesmo, levei um filhote de passarinho para a Cprh. A plumagem era tão indefinida ainda, que saí de lá sem saber a espécie do bichinho. No final de março, Marcos esteve, mais uma vez, na Cprh, no bairro de Casa Forte, segundo me informou há alguns dias. A gente sempre compartilha informação sobre os bichos que aparecem nos nossos bairros. Ou nos nossos quintais. Agora, ele me informa que acaba de entregar uma iguana, que apareceu em sua casa. Os dois pássaros e a iguana voltarão ao ambiente selvagem, tão logo estejam aptos para viver livremente na natureza.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Marcos Ferreira de Lima / Arquivo pessoal