Conheci Marcos Ferreira Lima na semana passada, com quem me defrontei durante uma de minhas caminhadas pela Zona Norte. Ia andando pela Rua Jerônimo de Albuquerque, em Casa Forte, quando o encontrei, com uma caixa de papelão cheia de furinhos. Curiosa que só eu mesma, perguntei se ele levava um bichinho. Bingo!.. O então desconhecido conduzia um anum preto (que caíra no seu quintal) para a Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh). Em Pernambuco, é o órgão responsável pelo recebimento, triagem, reabilitação e reintrodução de animais silvestres à natureza.
Na terça, Marcos cumpriu mais uma missão em defesa da vida e de bichinhos indefesos. Morando no bairro da Macaxeira, onde ainda restam fragmentos de Mata Atlântica, ele sempre se defronta com situações do tipo. Já teve até gavião amigo, que vinha buscar carne no seu quintal. A rolinha é um indivíduo jovem, que deve ter caído de um ninho não localizado. De acordo com Marcos, ao contrário de muitos pássaros, as rolinhas não costumam fazer ninhos em galhos altos. “Elas os fazem em buracos nos muros, em encostas, vegetações rasteiras e até no meio de capim, nunca em árvores”.
“Penso que caiu do telhado”, supõe. “Mas a rolinha teve muita sorte porque eu logo a vi, já que estava no meu quintal, onde há três gatos e um cachorro”, comemora. A rolinha foi prontamente recolhida e ganhou comida no bico. Logo depois, foi conduzida à Cprh, de onde será levada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas Tangara), para posterior devolução à natureza.
Aqui onde resido, em Apipucos, Zona Norte do Recife, ouço quase todas as manhãs, o canto meio monótono das rolinhas. Também chamadas de columbinas, as rolinhas são primas dos pombos. Ele afirma que a pequena sortuda é uma rolinha preta, mas fiz busca entre as denominações populares e não encontrei esta espécie, que deve ter esse nome em algumas regiões do nosso Estado. Há dois gêneros de rolinhas – o Columbina e o Uropelia – e pelo menos sete espécies no Brasil. E os nomes populares atribuídos a esses pássaros chegam a mais de 50 no nosso País.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação/ Cortesia do leitor