Vai de mal a pior, o nosso planeta. A Mãe Terra está doente. E doente, também, estão seus lagos, riachos, rios e oceanos. Quem viu as montanhas de plásticos na praia de Boa Viagem – Zona Sul do Recife – no último final de semana, sabe de que estou falando. E quem vai a Olinda – na Zona Norte – admirar o luar, percebe que a espuma das ondas se confunde com sacolas brancas de plástico. Um horror. Caso persista a ação predatória do homem – atirando plásticos em rios e mares – até 2050, esses materiais estarão em quantidades maiores nas águas do que os próprios peixes. Então, a situação é muito grave.
Para evitar que o problema piore, a WWF está iniciando uma campanha global colhendo assinaturas, para solicitar à ONU que crie regras para reduzir a poluição provocada por esses materiais. Imaginem só que triste realidade: a cada ano, 8 milhões de toneladas de plásticos são atiradas nos oceanos. E não é só no Brasil não. Em alguns países, como a Austrália, filtros vêm sendo colocados nos caminhos dos rios, para “segurar” os plásticos, evitando que cheguem no mar. Logo ali, onde o turismo sustentável é citado como exemplo no mundo. De acordo com a WWF, nada menos de 90 por cento das aves, hoje, têm algum fragmento de plástico no estômago. E o que dizer das tartarugas e dos peixes, que vêm morrendo sufocados?

Não moro perto da praia e não sou bióloga nem pesquisadora. Mas amo a natureza. E aqui onde resido, no bairro de Apipucos, ainda restam áreas arborizadas. Na minha casa, há sempre um ninho de pássaros. Há épocas em que eles somam três, simultaneamente. Pois já observei uma mudança dos materiais desses ninhos. Antes, eles usavam apenas palhas, folhas. Porém já observei fundo de ninho forrado com tirinhas de plástico. Lembro até a cor: azul, a mais frequente nas lixeiras domésticas. De acordo com a WWF, apenas nove por cento dos plásticos são reciclados. Ou seja, problemão para a natureza. “O plástico está em todas as partes e vem sufocando silenciosamente o Planeta”, adverte a WWF, que quer pressionar a ONU para reduzir o tamanho desse descalabro.
A petição exigindo medidas que reduzam a poluição provocada pelos plásticos será apresentada em Nairobi (Quênia), durante a Assembleia Mundial da ONU para o Meio Ambiente. Entre os países que já aderiram à campanha estão: França, Alemanha, Holanda, Grécia, Dinamarca, Singapura, México, Brasil, Argentina, Chile, Hungria, Bolívia, Finlândia, Portugal, Espanha, Índia, Marrocos, Itália, Peru, Filipinas, Guatemala, África do Sul, Coreia. Também Estados Unidos e Brasil, apesar de Trump e Bolsonaro, presidentes que não mostram muito zelo pela questão ambiental.
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Fernando Batista/ cortesia