Mais um prédio desaba no Grande Recife, dessa vez em Paulista: 19 pessoas sob escombros, nove óbitos

Mais uma tragédia anunciada na Região Metropolitana do Recife. Interditado por estar ameaçado de ruir, porém invadido por famílias sem teto, um prédio do Conjunto Beira-Mar, na praia do Janga, em Paulista, ruiu na manhã chuvosa dessa sexta-feira.  Equipes do Corpo de Bombeiros e do Samu encontram-se no local, fazendo buscas. Há notícias de que 19 pessoas ficaram sob escombros, incluindo crianças. Até a manhã desse sábado, somam nove os mortos encontrados sob montanhas de concreto e ferros retorcidos..Uma adolescente de 15 anos que estava recebendo oxigenação enquanto bombeiros tentavam resgatá-la com ajuda de voluntários,foi encontrada no início da tarde, após mais de seis horas após o desabamento. O prédio que caiu tem 16 apartamentos, das quais oito desabaram.

Cinco pessoas com fraturas nos membros inferiores, foram conduzidas para o Hospital da Restauração (no Recife) e Miguel Arraes (em Paulista). Mas um rapaz teve uma parada cardíaca e faleceu no hospital (as outras quatro vítimas fatais foram encontradas no local do desastre). A operação de resgate conta com ajuda de cães farejadores e de populares, que receberam orientação “do que fazer e do que não fazer” pelo Corpo de Bombeiros, segundo o qual a ajuda tem sido valiosa. O prédio foi construído inaugurado em 1982. Ela integra um condomínio com 29 blocos e 1.711 apartamentos. Dos 29 blocos,  20 são do polêmico estilo “caixão”. O desabamento é uma tragédia que se repete com frequência no Grande Recife, onde há pelo menos 6 mil prédios com algum risco de ruir, por conta de falhas nos processos de construção e da  falta de fiscalização pelos órgãos financiadores e autoridades do setor. Quase todos os edifícios em situação crítica foram erguidos no chamado estilo “prédio caixão”. O que ruiu hoje, construído no mesmo sistema, foi o Bloco D 7, na Rua Dr. Luiz Inácio de Andrade Lima.

Segundo informações de proprietários de apartamento do Condomínio, ele foi interditado em 2012, porque estava sob risco de ruir. Alguns moradores antigos informaram que, desde então, não receberam indenização e que recebem auxílio aluguel, de R$ 1.500.  No Conjunto Beira-Mar, dez prédios estão interditados, porque oferecem risco de cair. Como não há segurança, e as necessárias demolições não ocorrem, edifícios desocupados e mesmo interditados, como o Beira-Mar, normalmente são invadidos por famílias sem teto. Foi o que aconteceu com o Leme, que desabou no  primeiro semestre, deixando seis mortos e cinco feridos.  Interditado desde 2000, o prédio que ficava no Jardim Atlântico, em Olinda, caiu em abril  passado.

Afinal, de quem é a culpa por tantas tragédias: a Caixa Econômica Federal, que financia e não fiscaliza como o dinheiro está sendo aplicado? As prefeituras que não controlam os processos utilizados e materiais empregados na construção? O Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia? O Ministério Público que se omite? O fato é que milhares de vida, de ocupações irregulares ou não, permanecem em risco. Os antigos moradores do prédio que ruiu lutam há doze anos para receber suas merecidas indenizações.  Outra pergunta que não tem resposta: por que os responsáveis pela construção – inclusive a seguradora – não demolem os prédios quando são desocupados por risco de desabar?

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Genival Pparazzi / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com

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