Maciel Pinheiro: falta grama e sobra lixo

Alvo de faxina do Grupo Amantes do Recife, em 2015 – quando nem a fonte funcionava – a Praça Maciel Pinheiro (na Boa Vista) está em melhor condição do que a Praça Dezessete (que fica em Santo Antônio), da qual tratei no #OxeRecife recentemente. Isso, no entanto, não quer dizer que ela esteja em situação boa. Não, não está. Há alguns dias, dei lá uma passada, e percebi que ainda necessita de cuidados. Apesar da fonte ter voltado a movimentar suas águas, há sujeira acumulada,  bancos de praça estão quebrados e não há mais gramado em parte dos seus jardins.

Como se isso tudo não bastasse, a  mureta da fonte e os jardins vêm servindo como varal de secar roupa de moradores de rua e dependentes químicos que circulam ou moram no espaço. O descaso com local tão bonito já vinha me chamando a atenção. Mas os leitores do #OxeRecife têm enviado muitas queixas quanto à situação de nossas praças. E a Maciel Pinheiro está entre elas. “Infelizmente, nossas praças encontram-se em situação deplorável”, reclama Arnaldo Pimentel, para logo em seguida citar a Maciel Pinheiro. E o descaso fica ainda mais grave, quando se leva em conta a importância histórica do logradouro.

Linda, a Praça Maciel Pinheiro precisa de mais cuidados. A fonte funciona, mas falta grama nos canteiros e tem lixo.

“Ajardinada entre 1872 e 1876, nela foi instalada fonte monumental comemorativa do fim da Guerra do Paraguai”, informa o livro Guia do Recife, Arquitetura e Paisagismo. De acordo com a publicação, a Maciel Pinheiro está assentada sobre o antigo Largo do Aterro, onde, em 1847, foi implantado o chafariz imperial, “considerado, então, um dos melhores do Brasil”. A fonte, linda por sinal, foi produzida em Lisboa, pelo escultor Antônio Moreira Rato.

E vejam que coisa interessante: a fonte foi importada com  “com a contribuição financeira dos moradores do bairro”, naquela época representados por prósperos comerciantes, que ali trabalhavam e residiam. Já deu, pois, para perceber como a Praça é importante, do ponto de vista histórico. E merece, portanto, estar em situação muito melhor. Sim, ali fica, também, o sobrado no qual a escritora Clarice Lispector residiu,  e de onde registra em seus livros algumas lembranças dos tempos em que passou no Recife. Ela até ganhou uma estátua na Praça, mas no dia em que lá estive, estava cercada de lixo. Isso, sem falar no sobrado onde ela morou. Com as janelas do andar superior abertas, dá para se perceber – a partir da Praça – quem nem telhado o imóvel tem mais. Acorda, meu povo. Que o Recife não merece um descaso desse. #OxeRecife

Recife:
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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