Ele é chamado de “o jardineiro da América”. Mas pode ser definido, também, como o jardineiro do mundo, pois assinou cerca de 3 mil projetos em nada menos de 20 países. Afinal, é considerado um dos maiores paisagistas do século 20, e referência no setor em qualquer parte do Planeta. Se fosse vivo, Roberto Burle Marx (1909-1994) estaria completando 110 no mês de agosto. E o Recife não poderia deixar passar a data sem lhe render grandes homenagens. Afinal, depois dele, nossa querida cidade jamais seria a mesma. É que Burle Marx residiu na cidade na década de 1930, onde deixou sua marca em praças e jardins. Foi no Recife, também, que ele desenvolveu o primeiro projeto paisagístico de jardim público, a histórica Praça de Casa Forte. Na terça-feira (27), o artista ganha mais uma homenagem: o livro Burle Marx e o Recife: um passeio pelos jardins da cidade. O lançamento será às 19h, no Restaurante Pátio Café & Cozinha, no bairro das Graças. O evento é aberto ao público.
O livro traz textos de Ana Rita Sá Carneiro, Lúcia Maria Veras, Joelmir Marques da Silva e Onilda Gomes Bezerra. E foi organizado a seis mãos: Ana Rita, Lúcia e Maurício Cavalcanti. A publicação é iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Para brindar os presentes, haverá uma apresentação da Orquestra Vitória -Régia, sob a regência do maestro Parrô Mello. A escolha do grupo musical é significativa. Afinal, a vitória-régia é a planta que decorava as lâminas d´água da Praça de Casa Forte até o século passado. Elas são amazônicas, foram trazidas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro por Burle Marx quando implantou a Praça. Hoje, no entanto, elas se limitam à memória dos moradores mais idosos e a fotografias da época. Só para lembrar: Burle Marx residiu no Recife entre 1934 e 1937, quando ocupou a Chefia do Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Construção do Estado de Pernambuco (DAC). Nessa época, ele cria um plano de embelezamento para a cidade do Recife, com implantação de jardins em consonância com o Movimento Moderno, que agitava as primeiras décadas do século passado. A Praça de Casa Forte, seu primeiro projeto paisagístico em área pública, é considerada também o primeiro jardim público brasileiro de caráter moderno. E haja história!
E a Praça de Casa Forte é dos 15 jardins descritos no livro que será lançado na terça-feira. Os quinze são consideradas jardins históricos, por força de decreto municipal expedido em 2015. O livro possui 168 páginas, fartamente ilustradas pelas lentes do fotógrafo Sérgio Lôbo. A publicação soma 15 capítulos, cada qual contemplando uma das praças deixadas por Burle Marx. Dos quinze jardins históricos, seis são protegidos por leis ainda mais rigorosas: foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). As praças abordadas são: Casa Forte, Euclides da Cunha, Derby, Várzea, Arsenal, Chora Menino, Largo da Paz, Maciel Pinheiro, República, Jardim do Palácio das Princesas, Entroncamento, Largo das Cinco Pontas, Dezessete e Jardim da Capela da Jaqueira e Ministro Salgado Filho. “Aqui foram plantadas, para além da vegetação, as ideias que floresceriam de uma arte muito especial de se fazer jardim, explorando, com princípios estéticos, a exuberância da flora brasileira. Conhecer é a primeira condição para se desejar proteger um bem público”, diz o livro. No título publicado pela Cepe todas as praças são identificadas com data do projeto paisagístico de Burle Marx e endereço, além de dados históricos e outras curiosidades sobre cada lugar. Uma fonte de consulta para professores, arquitetos e outros e , claro, para amantes do Recife.
Nascido em São Paulo, Burle Marx chegou ao Recife em 1934, mas também viveu na Alemanha e no Rio de Janeiro. Por aqui, no entanto, cravou seu nome na paisagem ao atender convite de Carlos de Lima Cavalcanti, então governador de Pernambuco, onde veio chefiar o DAC. Recife também foi sua primeira escola, como revela em discurso no Seminário de Tropicologia, realizado pela Fundação Joaquim Nabuco, em 28 de maio de 1985: “(…) minha experiência no Recife foi fundamental para o rumo que, posteriormente, tomou minha atividade profissional”. Afirmou que “essas experiências foram válidas e determinaram minha maneira de construir jardins.” Depois do Recife, ele voltou a residir no Rio, mas voltando a Pernambuco, sempre que convidado para executar algum projeto. Somam nada menos de 58 os jardins e praças com sua assinatura no Recife. Mas lamentável é que alguns, mesmo considerados jardins históricos ou tombados, estejam em petição de miséria, totalmente ignorados pelo poder público no Recife, cujo cuidado com praças, jardins e arborização não parece deixa a desejar. Dois exemplos de abandono: a Praça Maciel Pinheiro e Dezessete.
Veja, na galeria, algumas fotos do livro Burle Marx e o Recife: um passeio pelos jardins da cidade:
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Serviço:
O quê: Lançamento do livro Burle Marx e o Recife: um passeio pelos jardins da cidade
Onde: Restaurante Pátio Café & Cozinha, na Praça do Entroncamento, Graças
Quando: Terça, 27
Horário: 19h
Entrada: Acesso gratuito
Preço do livro: R$ 50 e R$ 15 (e-book)
O que mais: concerto com a Orquestra Vitória Régia
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Sérgio Lôbo/ Divulgação / Cepe
Eu não sabia que na Praça de Casa Forte não havia mais nenhuma Vitória-Régia! Que pena! Porquê não são recolocadas…..