LGBTQIA+: Cueca menstrual para homens trans e pessoas não binárias

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E viva à diversidade. Sem grandes manifestações, nem paradas nas ruas – por conta da pandemia – hoje comemora-se o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Data para lutar contra o preconceito, para se refletir e também para lembrar que qualquer forma de amor vale a pena. E que as pessoas devem ser felizes como são. No entanto, em pleno século 21, ainda se observa preconceito, discriminação, assassinatos homofóbicos e transfóbicos. Violências como a que atingiu na semana passada, uma mulher trans que foi  agredida com fogo por um adolescente, no centro do Recife. E que está internada no Hospital da Restauração, com 40 por cento do corpo queimado e um braço amputado devido ao crime. O seu caso não é isolado.

De acordo com a Secretaria de Defesa Social do Estado, até maio deste ano 13 pessoas da população LGBTQIA+ foram vítimas de Crime Violento Letal Intencional (CVLI) em Pernambuco. Esse número representa 0,9% dos 1.429 CVLIs registrados em todo o Estado no período. No ano passado, foram  47 CVLIs contra essa população em Pernambuco.

Ou seja, 1,3% do total de 3.758 crimes contra a vida notificados em 2020. Também foram registradas 1.106 ocorrências de violência contra pessoas que se identificam como LGBTQIA+, o que inclui crimes de lesão corporal, maus-tratos, estupro, difamação, calúnia, racismo e injúria racial. As estatísticas levam em conta a orientação sexual ou gênero declarados pelas vítimas. Não necessariamente a motivação dos crimes teria sido a intolerância de gênero ou homofobia. No caso ocorrido no Cais de Santa Rita ( da mulher queimada), a Polícia Civil está investigando as circunstâncias da violência praticada, segundo informou o Palácio do Campo das Princesas. O Governador Paulo Câmara (PSB) prometeu dar suporte à vítima e familiares. “A agressão física geralmente é o auge de uma série de violências que a população LGBTQIA+ sofre durante toda sua trajetória. O papel do Estado é manter os canais para que essas violações sejam denunciadas e investigadas, e para tentar impedir que essa população continue sendo sistematicamente vítima da violência e da discriminação”, enfatiza Paulo Câmara.

O governo do estado está criando, também, o Comitê de Prevenção e Enfrentamento às Violências LGBTfóbica para avaliar e acompanhar os casos de violência intragoverno e, numa segunda etapa, com a sociedade civil. Agora, ainda falta ao comércio comemorar a data nas vitrines, como ocorre com o Dia dos Pais, Dia das Mães, Dia dos Namorados.  Até com o Dia das Bruxas. Se é Dia do Orgulho Gay então, vamos assinalar. Colocar o arco-íris em evidência. Para apoiar a causa, calcei hoje meu para de meias colorido (foto maior).  E aqui no #OxeRecife chega notícia da Pantys que, aproveitando a passagem da data, anuncia que está lançando a primeira cueca menstrual brasileira voltada para homens trans e pessoas não binárias. A cueca (fotos menores) chama-se Boxer, e está disponível no e-commerce e lojas físicas desde o  dia 24 de junho, na cor preta, e tamanhos que vão do P ao XXGG.

A cueca foi lançada com uma campanha fotográfica que, segundo a Pantys, é a primeira realizada no Brasil exclusivamente com homens trans.  “O lançamento tem como objetivo atender um chamado da comunidade, que solicitou um produto com a tecnologia e sustentabilidade da marca, voltado para homens trans e todos que não se sintam representados por produtos femininos”, informa a  empresa.

Para  Alexandre Kiyohara,  publicitário que participou das fotos, a iniciativa é importante. Ele explica porquê:  “Muitos homens trans não usam hormônios e seguem menstruando e é exatamente por isso que esse produto é muito importante, pois a partir do momento que a gente se identifica como um homem trans e somos lidos como homens, parece que as nossas bagagens femininas são esquecidas, porém, essa é uma necessidade” . Escritor,  podcaster e influenciador digital, Jonas Maria relata que nunca teve problemas com a parte fisiológica da menstruação, pois não a via como algo sujo ou nojento. ” Nunca tive problemas com a minha menstruação, mas quando menstruei pela primeira vez, minha mãe disse que tinha virado uma mocinha e precisava me comportar como tal, então a menstruação tinha um peso de cerceamento da minha liberdade, onde eu não poderia ser ou fazer as minhas escolhas na sociedade”, diz.

E o O Instituto C&A, braço social da C&A Brasil, lançou, hoje o #TodesNaModa, seu primeiro edital proprietário voltado para a capacitação e o desenvolvimento de negócios de moda protagonizados por empreendedores da comunidade LGBTQIAP+. Com inscrições abertas até o dia 17 de julho no próprio site do Instituto C&A (https://www.institutocea.org.br), o edital é voltado para empreendedores LGBTQIAP+ de moda autoral nos segmentos de roupas, calçados e acessórios e que tiveram seus negócios impactados pela pandemia precisando criar novas estratégias para suas marcas. Outros critérios, como maturidade do negócio, qualidade do produto e diversidade do público empreendedor, também serão avaliados para a seleção dos participantes.
O #TodesNaModa promoverá uma trilha online de formação e desenvolvimento somando cerca de 30 horas de conteúdos focados em marketing digital, identidade e gestão da marca. Ao longo desse período, os empreendedores selecionados receberão o investimento no valor de R﹩ 4.000 como aporte aos negócios e ajuda de custos.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Divulgação / Phantys

 

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