Foi só o #OxeRecife postar o novo letreiro da cidade, o #Xodó – inaugurado na Pracinha de Boa Viagem – para começar a discussão. Teve leitora (Ana Luíza Andrade) que achou a peça “bem feinha”. Mas houve, também, aqueles que a acharam muito bonita. Outros, como Volnylson Castro e Theo Araújo reclamaram, alegando que as expressões Oxe ou Visse eram muito mais apropriadas do que Xodó. Pois seriam mais identificadas com o linguajar do recifense, porque são “a nossa cara”. Não há nenhum letreiro com Visse. Mas quanto ao Oxe sugerido por Theo já existe. Quem faz o lembrete é o historiador Bráulio Moura da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife. Informa que ele funciona no Segundo Jardim daquela praia da Zona Sul, um dos principais cartões postais de nossa cidade.
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O historiador e turismólogo Bráulio Moura explica, reagindo às críticas do modelo vazado do #Xodó: “Esse xodó aí é para colocar cadeado, daquela história dos cadeados do amor, por isso o nome xodó”. Quando fala na “história dos cadeados do amor”, refere-se à famosa Pont des Arts, em Paris, para onde convergiam casais românticos de todo o mundo, a fim de colocar lá um cadeado, como símbolo (ou superstição) do amor eterno. Mas os cadeados viraram um problemão e chegaram até a derrubar o gradeado, quando a ponte fica em área referendada como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Ou seja, local a ser preservado e não obrigado a suportar toneladas de material metálico. Com a proibição imposta aos cadeados na Ponte des Arts, eles começaram a surgir em outros locais turísticos de Paris, como a Pont de l´Archevêchê e a Pont Neuf. E somam tantos, nessa última, que em abril do ano passado cerca de 40 toneladas daqueles pesados objetos foram retirados pelo poder público.
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Ou seja, no caso de Paris, os cadeados passaram de tradição a pesadelo, para as autoridades encarregadas da manutenção do patrimônio da cidade luz. Terminaram danificando o patrimônio histórico. Já em relação ao #Xodó, em Boa Viagem, a peça é recente e foi criada especialmente para virar ponto de colocação do símbolo dos corações apaixonados. Mas, com certeza, vão sofrer corrosão, provocada pelos ventos da maresia. O outro letreiro que fica em Boa Viagem é bem bonito e alegre. E tem elementos decorativos que remetem a alguns dos mais característicos personagens do nosso carnaval: o caboclo de lança (do Maracatu Rural), os passistas (do Frevo), os mascarados (dos papangus) e ainda a percussionista de cortejos afros (presentes em manifestações como o Afoxé e o Maracatu Nação).
O terceiro e mais conhecido letreiro fica no Marco Zero, um dos principais pontos turísticos do Recife. Nele há expressões que remetem à cultura popular (rabecas, cordéis, maracatus, arte de rua, bumba-meu-boi. “São atrativos turísticos que tanto convidam os moradores do Recife quanto os visitantes a se aproximarem e a interagirem com a cidade”, informa a Seturel. E acrescenta: “As pessoas podem subir para tirar fotos, para brincar, para conviver com as outras pessoas”. Infelizmente, alguns desses letreiros que deixam a cidade mais alegre e colorida sofrem ação de vândalos, como grande parte dos equipamentos turísticos da nossa cidade. Felizmente os relativos ao Recife, mantidos pela Prefeitura, estão ainda imunes a ação dessa gente sem noção. Mas o sobre Pernambuco, colocado no Cais da Alfândega, à margem do Rio Capibaribe, virou uma vergonha para os pernambucanos, pois os turistas tiram ali suas selfies, e levam as fotos com as pichações que denunciam as ações de vandalismo.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Andréa Rêgo Barros e Maurício Ferry / Divulgação/ PCR