“Importante escritora do século 20, nasceu na Ucrânia. Aos dois anos, chegou ao Brasil com seus pais, fugindo do antissemitismo. Viveu no Recife entre 1925 e 1934, na casa número 320 dessa Praça. O cotidiano recifense dessa época permeia a sua obra literária”.
A placa traz uma resumidíssima informação a respeito de Clarice Lispector, uma das mais importantes escritoras do século 20 no Brasil, amada por legião de leitores não só no país como no exterior. Ela é autora, entre outros, de cultuados livros como A Hora da estrela, Perto do Coração Selvagem, A Paixão Segundo GH, Água Viva, Um Sopro de Vida, A Legião Estrangeira, A Cidade Sitiada.

No entanto, dá pena ver a situação do sobrado de três pavimentos, onde a escritora morou com sua família. Passei lá hoje de manhã por acaso: a fachada está pichada, o telhado caiu (ou roubaram ripas e telhas), porque a partir da rua dá para se observar o céu pelas janelas abertas do casarão. É uma pena que um bem cultural tão importante esteja jogado desse jeito.
Dia desses, foi tombada a casa de Lourenço Barbosa, o Capiba, que fica no Espinheiro. Pois um dia desses, também, o imóvel foi arrombado. Bem cultural é assim: ou se coloca em uso ou se degrada por completo. É o que aconteceu com o casarão onde Clarice Lispector passou a infância, na Praça Maciel Pinheiro. E também o que pode ocorrer com a de Capiba, na Rua Barão de Itamaracá. Cultura é vida, é resistência, é memória. Ou as autoridades não se lembram disso?
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife