“Juçaí”: O açaí da Mata Atlântica

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Uma coisa chama outra. Dia desses, mostrei aqui no #OxeRecife, que o Legado das Águas está iniciando o plantio de Juçara, na Mata Atlântica, para repovoar o bioma com a palmeira que esteve à beira da extinção, devido à ação predatória para extração de palmito. Com o repovoamento, aquela que é a maior reserva particular de Mata Atlântica do Brasil, pretende viabilizar economicamente a exploração da palmeira, com a industrialização da polpa dos seus frutos. Estes se assemelham ao tão famoso açaí (do Pará), hoje transformado em produto voltado não só para consumo interno, como também para exportação.

E o juçaí, pelo que se vê, já começou a trilhar esse caminho. No Legado das Águas, por exemplo,   não é permitida a extração do palmito. O Legado das Águas – que fica no Vale da Ribeira (SP) e é mantido pelo Grupo Votorantim – pretende que, no futuro, os visitantes da Reserva possam comprar a polpa do fruto da Juçara.  E que posteriormente o produto passe ser distribuído para todo o país. No Brasil, existe uma empresa – a Juçaí – do Rio de Janeiro, que já  faz o tipo de exploração pretendido pelo Legado das Águas.  E pelo que se informa, os negócios vão de vento em popa. Em “polpa”, literalmente. É que de acordo com a Juçaí, entre 2019 e 2020, a demanda pelo seu  produto aumentou 92 por cento. E o que e melhor: Sem prejuízo para a Mata Atlântica que, no mesmo período, teve repovoamento de 90 por cento com a juçara, em decorrência da exploração sustentável.

Além de se mostrar alternativa econômica, o fruto da Juçara permite exploração sustentável da Mata Atlântica, a exemplo do que ocorre com o açaí, na Amazônia.

A colheita de Juçara e a produção de polpa ocorrem em diversas localidades na Mata Atlântica. Habilidosos nativos escalam as palmeiras e retiram cuidadosamente os cachos de frutos, deixando um terço  das frutas intocáveis no bioma para a fauna se alimentar, informa a Juçaí,  mostrando que o tipo de coleta é similar à que acontece nos plantios nativos de açaí, na Amazônia.  Segundo a empresa, cerca de 70 espécies de animais se beneficiam do plantio sustentável.  Do fruto, é extraída a polpa e a semente é usada em novos plantios. Diferente, portanto, do que acontecia antes, quando a juçara era sacrificada para retirada do palmito. E, anotem:  As sementes já permitiram a conservação de quase 9 mil palmeiras. Se não for só blá-blá-blá da indústria, então… Viva!

Durante a pandemia, os produtos tamanho família, com um litro ou mais, para consumo em casa tiveram um crescimento ainda maior de vendas, reflexo da mudança de comportamento do consumidor durante a pandemia. “Temos orgulho ao dizer que já nascemos por um propósito sustentável, além de termos este olhar ecológico e social sobre nossos negócios”, afirma Bruno Corrêa, Gerente Geral da marca. “Somos uma empresa B-Corp desde 2017, e damos muito valor a isso, afinal também temos o objetivo de inspirar outras empresas a buscarem por esta economia sustentável”, comenta.

A Juçara esteve ameaçada de extinção, devido à extração predatória de palmito. Sem ela, faltará alimento à fauna da Mata Atlântica.

O juçaí – como vem sendo chamado –  é o fruto da palmeira Juçara, originária da Mata Atlântica. Dizem que é “o açaí da Mata Atlântica”.  O fruto é um pouco mais adocicado do que o seu parente da Amazônia, porém possui menos polpa do que o açaí.  Já a juçara quase entrou em extinção devido o desmatamento para extração ilegal de palmito. Bruno lembra a atitude verde da empresa: “Nossa colheita dos frutos é feita diretamente das árvores, e para garantir a alimentação da fauna local, deixamos 33% deles nos cachos, além de manter a palmeira de pé, claro”.  Cuidado que o Legado das Águas também pretende tomar, inclusive disseminando a Juçara posteriormente até mesmo fora da área da Reserva. A Juçaí afirma ter colaboração de produtores e cooperativas nativas da região. O projeto  Juçaí nasceu em 2009, na Serrinha do Alambari, no estado do Rio de Janeiro, com a  proposta de oferecer um alimento saudável.

O Juçaí tem 50% mais ferro e até duas vezes mais antioxidantes do que o açaí tradicional, e boa quantidade de potássio. O produto orgânico, sem corantes, vegano, sem glúten,  sem lactose e rico em nutrientes. É muito versátil para diferentes receitas, uma vez que seu sabor se mistura perfeitamente com outros ingredientes. Atualmente, a marca trabalha com 17 itens que são vendidos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, no Chile e no Canadá. Ao todo, são mais de 500 pontos de vendas. Que pena que não há ainda no Recife, onde o açaí é vendido aos montes não só nas gôndolas dos supermercados como em casas especializadas na venda do produto.

Abaixo, você confere alguns links sobre outras espécies da flora brasileira e também algumas exóticas, que já se integraram à nossa paisagem (como o baobá e a palma-de-manila). Veja, também, alguns posts já publicados no #OxeRecife sobre o Legado das Águas, a maior reserva de Mata Atlântica privada do Brasil.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Legado das Águas (Acervo #OxeRecife ) e Juçaí (Divulgação)

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