Muito boa, a iniciativa de um grupo de moradores do bairro de Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Casa Amarela e adjacências. Eles se organizaram para implantar o Jardim Secreto, em uma área degradada de 3 mil metros quadrados, que fica à margem do Capibaribe, e para a qual dão os fundos edifícios de classe média da localidade. A proposta é transformar a área em um ponto de convivência da comunidade, integrando moradores das duas margens do Rio, para o qual a população do Recife se acostumou a dar as costas. Até agora já foram seis reuniões, todas muito produtivas e com encaminhamentos. A ação é uma iniciativa da Associação dos Moradores e Amigos do Poço da Panela (Amapp), que está a cada dia mais organizada e unida. Ao último encontro, compareceram arquitetos do Inciti (Pesquisa e Inovação para as Cidades), grupo interdisciplinar da Universidade Federal de Pernambuco.
O Inciti tem como missão conceber soluções colaborativas, para construir cidades inclusivas, sustentáveis e felizes. Seu projeto mais famoso, já encampado pelo poder público é o Parque Capibaribe. Como vocês sabem, essa iniciativa deverá se estender por 30 quilômetros ao longo do Rio, beneficiando 42 bairros. E vem sendo implantada de olho em 2037, quando o Recife completa 500 anos, tentando se tornar uma cidade mais arborizada, mais humana e planejada para as pessoas e não para os automóveis. O marco do início do Parque Capibaribe é o Jardim do Baobá, que já se tornou um ponto de convivência obrigatório da Zona Norte da cidade.
Pois o Jardim Secreto, quem sabe, também não o será um dia? Esforço e ideias não faltam. A área já está com placas, também vai ser isolada com cordas e vem sendo analisada pelos especialistas. Uma das primeiras iniciativas é tentar evitar que o ponto continue sendo utilizado para descarte de lixo e metralhas. Também está sendo encaminhado pedido de limpeza da área à Emlurb, assim como iluminação. A operação de limpeza terá participação do grupo. O pedaço vem sendo demarcado, para que a população local comece a se mobilizar sobre a melhor forma de aproveitar espaço tão bucólico e também tão esquecido. Já tem até plaquinhas, que foram fixadas neste final de semana. O trabalho de colocação das placas e pedras demarcando a área foi efetuado por um dos integrantes do grupo, Rômulo Simões Cezar Menezes. Ele contou com a ajuda de moradores e trabalhadores do Poço da Panela, Mané Biu, Índio e Belo.
A área onde fica o jardim é um dos últimos pontos de travessia entre os bairros do Rio Capibaribe no Recife. Há um barquinho na área, que transporta moradores entre uma margem e outra. O Jardim Secreto deverá ser um parque, com horta agroecológica e produção compartilhada de alimentos. O assunto está, também, em discussão. Na Zona Norte já há uma experiência do gênero, em Casa Amarela. Curioso é que alguns fatos sobre a história do local começam a ser descobertos. Por exemplo, a passarela de concreto que foi utilizada como mesa para a última reunião, servia como suporte para dois canos de uma caldeira da Fábrica Liquid Carbonic, que funcionou no local até o início da década de 1970. “Uma cano captava água limpa do rio para limpeza das caldeiras, e outro despejava a água suja da limpeza de volta ao rio”, conta a arquiteta e pesquisadora Fátima Barreto Campelo, depois de conversar com um antigo morador do local.
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Em busca do Jardim Secreto
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Rômulo Menezes e Fátima Barreto Campelo / Cortesia / Jardim Secreto
Parabens Antonio Pinheiro, Barbara , Natalia e Romero Verdes Q T Quero……..
errata: onde há Romero leia se Rômulo