Um dos maiores ícones da cultura popular do Brasil – com trabalhos integrando acervos de importantes museus do mundo – José Francisco Borges, 82, está completando 70 anos de carreira artística. Mais conhecido como J.Borges e considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco, ele celebra a data com três álbuns inéditos, cada qual com dez xilogravuras exclusivas. O lançamento ocorre nesse sábado, 18, na Arte Maior Galeria, que fica em Boa Viagem, Zona Sul do Recife.
Até chegar à fama, foi uma longa carreira. J.Borges fez de tudo um pouco. Trabalhou na roça com o pai, ainda criança. E foi marceneiro, carpinteiro, balconista, pedreiro, oleiro, artesão. Fazia brinquedos populares, balaios e até colher de pau para vender nas feiras. Mas o que gostava mesmo, era de ver os violeiros e cantadores, à época muito comuns nas cidades e sítios do interior. Logo, se apaixonaria pelo cordel, através dos quais aprenderia a ler. “ Do que eu sei, 70 por cento aprendi no Cordel”, conta. Começou então a deslanchar no verso. Mas como não tinha dinheiro para pagar pela ilustrações, ele mesmo começou a entalhar as madeiras e fazer suas próprias xilogravuras, chegando a ilustrar as capas de nada menos de 316 cordéis.
Foi considerado por quem entende do assunto – Ariano Suassuna (1927-2014) – como o melhor gravador popular do Brasil. Seu trabalho encanta intelectuais do mundo e até mesmo da Academia. Em 1993, J.Borges foi convocado pelo maravilhoso escritor Eduardo Galeano (1940-2015), para ilustrar o livro As palavras andantes, publicado no Brasil pela L&PM. E em 2012, foi o artista escolhido para ilustrar a edição brasileira de Contos maravilhosos infantis e domésticos, dos Irmãos Grimm, em dois volumes, que comemoravam os 200 anos da primeira edição dos famosos escritores. Ele disse não ter enfrentando nenhuma dificuldade, para ilustrar livros de autores, culturas e épocas tão distantes, quanto Galeano e os Irmãos Grimm.
“Tudo que tem no conto de fada, tem no cordel: passarinho, mulher, calúnia, inveja, rei, bruxa, rainha. O fantástico que o conto de fada explora, o cordel também sabe explorar”, disse-me, à época, quando o entrevistei para o Jornal O Globo, do Rio do Janeiro, quando essa escriba aqui atuava como correspondente daquele veículo. J. Borges já expôs na Suíça, nos Estados Unidos, no México, França, Venezuela, Cuba. Em alguns desses países, realizou oficinas sobre a sua arte de entalhar na madeira. O coquetel de lançamento dos álbuns ocorre às dez da manhã do sábado. Cada álbum, com dez gravuras, custará R$ 1.500. Também serão comercializadas gravuras individuais por R$ 150 (sem moldura) e R$ 180 (com moldura). Colecionadores terão oportunidade de adquirir as matrizes de madeira, por valores que vão de R$ 250 a R$ 1.500, dependendo do tamanho. Estão aí, portanto, sugestões para presentaços de fim de ano. Quem não gostaria de ter um J.Borges na parede de casa ou do escritório?
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Serviço:
Coquetel de lançamento de álbuns cm gravuras de J.Borges
Quando: 18 de novembro de 2017, sábado, às 10h
Onde: Arte Maior Galeria (Avenida Domingos Ferreira, Recife Trade Center, S/N, Boa Viagem)
Quanto: R$ 1.500 (cada álbum com dez gravuras) ou R$ 150 a R$ 180 (cada gravura, sem ou com moldura)
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Xirumba Amorim / Divulgação