Imundo, mangue passa por limpeza

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É uma tristeza, mas infelizmente é isso que acontece. Como se não bastasse a carga de esgoto doméstico que o Rio Capibaribe recebe diariamente –  só 32 por cento do Recife tem serviço de saneamento básico – ainda tem quem jogue tudo que não presta, naquele que deveria ser tratado com o maior carinho do mundo. Se ele fosse limpo, poderia servir como uma deliciosa praia de  água doce, pelos 42 municípios que ele passa. Era assim que ele era utilizado, no início do século passado, em dez bairros do Recife.

Famílias abastadas tinham até mesmo casas de veraneio, em bairros como Várzea, Apipucos e Caxangá. Hoje, dá pena ver o Capibaribe de águas sujas, com tudo que é porcaria boiando no seu leito. E claro, as tralhas engancham nos manguezais, que são berçários da vida marinha. Há muitas espécies de peixes, crustáceos e moluscos que nascem e crescem no mangue e que, depois, voltam para o mar. Até mamíferos, como o peixe-boi. As fêmeas pariam no mangue, amamentavam os bebês e depois voltavam para o oceano.

Emlurb espera retirar 200 toneladas de lixo das margens do Rio Capibaribe no Recife. Limpeza vai até sexta-feira.

Com a especulação imobiliária e a poluição, isso é cada vez mais difícil. Tanto que não é raro o resgate de bebês desgarrados das mães, geralmente empurrados pelas ondas do mar. Para evitar que o problema da sujeira se agrave, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) deu início a mais uma ação de limpeza dos manguezais e margens do Rio Capibaribe. A ação foi iniciada na terça-feira e deve se prolongar até a sexta. O que, convenhamos, é muito pouco. Essa ação deveria ser permanente. Não resolve, mas – pelo menos  – alivia.

Os trechos que serão beneficiados com a iniciativa ao longo desta semana ficam entre a Ponte do Limoeiro e o muro da Marinha, na Avenida Prefeito Artur Lima Cavalcanti, margens do Cais da Alfândega e manguezal do Cais da Aurora. Há 20 homens trabalhando na iniciativa, que contam com apoio de caçambas estacionárias para o recolhimento do lixo. Cada mutirão de limpeza dos manguezais recolhe aproximadamente uma média de 20 toneladas de resíduos que poluem o rio. Estive recentemente no Cais da Alfândega – uma das áreas beneficiadas – e fiquei com vergonha de minha cidade, diante da sujeira que vi. Também é uma vergonha o que se vê em bairros como Poço da Panela, Casa Forte, Jaqueira. As margens do Capibaribe viraram um lixão.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Divulgação / Emlurb

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