Imperdível, com certeza: Opereta popular liderada por Véio Mangaba

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Pensem em um multiartista pernambucano. Daqueles que formam um time de primeira. Lembrou Antônio Nóbrega, atualmente residindo em São Paulo? Sim. Mas não é sobre ele que vamos falar agora, mas sim sobre Valmir Chagas, que mora em Pernambuco. E que é mais popular como o impagável  Véio Mangaba, protagonista de espetáculos inesquecíveis no Recife. Lembram de “Sou feio e moro longe” e de “Saudosiar“? Eu, por exemplo, nunca esqueci. Do primeiro, tantos anos depois, ainda dou risadas quando recordo as cenas que assisti. Pois, agora, após movimentar a cidade durante o ciclo natalino, com seu pastoril profano, ele volta aos palcos do Recife.

Dessa vez em “O Velho em Com(s)erto”, uma ópera contemporânea, no qual o Véio Mangaba se autoanalisa. A apresentação ocorre nos dias 15 e 16 de janeiro, no Teatro Marco Camarotti, às 19h30m. O teatro fica em Santo Amaro, e os ingressos são baratinhos, R$ 15 e R$ 30. “O Velho em Con(S)erto “é uma ópera contemporânea experimental que une o pastoril profano à música erudita. A obra explora crises existenciais e culturais do Véio Mangaba em meio a pastoras líricas e críticas sociais. Uma onda, não é?

Em uma jornada irreverente e lírica, o espetáculo celebra a cultura nordestina enquanto propõe uma renovação artística e um diálogo entre tradição e vanguarda. Na última vez que conversei com o Véio Mangaba, ele me falou desse espetáculo então em fase de ensaios, em que faz uma autocrítica do personagem que conduz o pastoril profano.  Eu sempre cobro de Valmir um espetáculo, pois sou fã do artista e do personagem. Acontece que, com a mudança de costumes, e a onda politicamente correta, o discurso dos véios vem evoluindo, inclusive com doses menores de machismo. Valmir me confessou que mantém a verve, mas a temática é outra com a nova sociedade e, em consequência, das plateias. E tanto é assim que que vocês vão perceber isso no espetáculo. Em “O Velho em Con(S)erto”, o véio Truão ou Bedegüeba enfrenta uma crise existencial e de identidade. Ou seja, representa uma metáfora da vida e da necessidade de renovação da cultura popular conservadora. A “autoanálise” não é inédita na carreira do ator. Ele já havia feito uma  “viagem” nostálgica em “Saudosiando“, quando interpreta um palhaço em final de carreira, que passa a vida em revista. No espetáculo atual, em cena, o Véio rebela-se contra seu criador, reivindicando sua existência autônoma e real, recusando-se a ser uma mera criação ficcional. As pastoras líricas reagem acusando-o de sexismo e o diálogo entre eles – em prosa, verso e música – desdobra-se em reflexões anárquicas sobre liberdade e empoderamento feminino. Muito boooooommmmmmm! A obra culmina em uma celebração carnavalesca que reafirma a cultura brasileira e nordestina.

Trata-se não simplesmente e apenas de uma opereta popular, mas uma ópera radicalmente contemporânea. O espetáculo tem libreto do próprio Valmir Chagas, música de Armando Lôbo e produção de Pedro Castro, a obra explora crises existenciais e culturais do Véio Mangaba. Portanto, o espetáculo surge buscando renovar a linguagem do pastoril profano nordestino, integrando-a com a música de concerto, a literatura e o teatro. Além disso, visa atualizar sua temática. Ou seja, estendendo o potencial de crítica social para questões contemporâneas. Objetiva, ainda, a realização de uma oficina de Pastoril Profano conduzida por Valmir Chagas – O Véio Mangaba com data a definir. A opereta está na programação do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos.

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Serviço: 
Local:  TEATRO MARCO CAMAROTTI
Endereço: R. Treze de Maio, 455 – Santo Amaro, Recife – PE, 50100-160
Data e hora: 15/01/2025 às 19h30 e 16/01/2025 com suas sessões, sendo uma às 16h e outra às 19h30
Classificação: 16 anos
Duração: 50 minutos
VALORES: INTEIRA R$ 30,00 e MEIA R$ 15,00
Onde comprar o ingresso: Sympla e pelo site do janeiro: janeirodegrandesespetaculos.com; e
 também no teatro, sempre 1h antes dos espetáculos

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Li Buarque / Divulgação

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3 comments

  1. Sou fã de Valmir Chagas! O” Véio Mangaba” é tudo de bom,ninguém consegue conter o riso, diversão de primeira.
    Mas ele também é um cantor e tanto! Tem uma voz bonita e potente e sabe interpretar grandes compositores com muito estilo e sensibilidade. Aplausos para o Valmir!

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