Impasse no Poço tem audiência pública

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Organizados e apaixonados não sem razão pelo local em que residem, moradores do Poço da Panela dão amanhã mais passo para enfrentar  a ameaça de descaracterização do histórico bairro, localizado na Zona Norte do Recife.

É que o Ministério Público de Pernambuco convocou uma audiência pública para tentar resolver o impasse entre os moradores e proprietários de uma obra que, segundo os primeiros, não está em consonância com as características arquitetônicas do Poço, onde sobrevivem casarões datados dos séculos 18,19 e do início do século 20. A audiência será virtual, a partir das 9h da quarta-feira (16/02).

Obra reconhecida como irregular pela própria Prefeitura,  porém em execução, fica perto desse casarão secular.

Conforme denúncia enviada ao MPPE, além de violentar o conjunto arquitetônico do Poço, a obra não está de acordo com o projeto original, pois  tem tamanho 3,5 vezes maior do que o das plantas apresentadas aos órgãos oficiais.  O imóvel fica, também, em uma das mais tradicionais e antigas vias do bairro, a Estrada Real do Poço (número 292).

Erguida no lugar de uma casa do século passado irregularmente demolida, a  obra questionada pelos moradores já sofreu três embargos da própria Prefeitura, porém mesmo assim permanece em andamento.  As associações e coletivos do Poço da Panela temem que ela abra um precedente perigoso para o bairro, um dos mais preservados do Recife.  O Poço da Panela teve sua povoação iniciada ainda no século 17, período em que bairros como ele, Casa Forte, Monteiro, Apipucos, Dois Irmãos  e Várzea eram tomados por engenhos de cana-de-açúcar. No século 18, já tinha a denominação atual, por conta de uma vertente na proximidade do local onde fica hoje a Igreja de Nossa Senhora da Saúde. Nele, foi feito um poço ao fundo do qual colocou-se uma panela de barro,  que deu origem ao nome do bairro. No final do século 19 e início do 20, o Poço da Panela era utilizado como estação de veraneio.

Era frequentado por famílias de abastados comerciantes, que residiam em bairros como  Boa Vista e Santo Antônio, no Centro, onde mantinham suas lojas no andar térreo, reservando o primeiro e segundo andares dos sobrados para ambientes domésticos. Entre novembro e fevereiro, o Poço banhado por um então Rio Capibaribe cristalino funcionava como uma “praia”, fato muito bem descrito em livros como A Emparedada da Rua Nova (Carneiro Vilela) e Os Azevedos do Poço  (Mário Sette). Daqueles tempos, sobraram casarões seculares que, ainda hoje, dão encanto a um dos mais bonitos bairros do Recife.  Para participar da audiência da quarta-feira basta entrar no link (acima), que vem sendo divulgado nas redes sociais do Poço da Panela. Vamos todos lá! Se a comunidade não se movimentar, o Recife se acaba porque as autoridades não mostram muito apego ao nosso passado, à história nem ao patrimônio arquitetônico da cidade.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Coletivo Amo Poço Forte

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